"Eu meio que fui costurando essa história": a trajetória de mulheres durante a ditadura civil-militar (1964-1985).
Resumen
A presente pesquisa parte do questionamento de como mulheres que não fizeram
parte de movimentos políticos organizados, e que tinham ligações de parentesco
com militantes presos, vivenciaram o período ditatorial no Brasil. São mulheres,
mães e filhas, que foram também vítimas da repressão e assim como seus pais e
maridos sofreram traumas da ditadura militar que guardam até hoje. Para a escrita
analisamos seis entrevistas, duas delas com esposas de militantes e quatro com
filhas. O recorte temporal trabalha com prisões de 1964 até 1984, abrangendo
perseguições já iniciadas no início do golpe, até prisões realizadas perto de 1984.
Todas as entrevistadas residem e vivenciaram a ditadura no estado do Rio Grande
do Sul, justificando nosso recorte espacial. Os testemunhos dessas mulheres nos
permitem analisar como a repressão atingiu diversas pessoas, não só os presos e
perseguidos, mas também seus familiares, perpassando as relações de gênero, e
discutindo os traumas que muitas vezes foram ignorados e silenciados. Nesse
sentido, nossa pesquisa procura evidenciar a trajetória de mulheres que mesmo não
estando ligadas à uma resistência organizada tiveram também que resistir e
carregar as mazelas da militância de familiares, vivenciando situações traumáticas e,
em muitos casos, não tendo um espaço de escuta.
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