Representações sociais do processo de parturição de mulheres que vivenciaram partos recorrentes na adolescência
Resumen
O estudo objetivou conhecer as representações sociais do processo de parturição de mulheres que vivenciaram o parto recorrente na adolescência. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, fundamentado na Teoria das Representações Sociais proposta por Serge Moscovici. Fizeram parte desta pesquisa 30 mulheres que vivenciaram o parto recorrente na adolescência. Os dados foram coletados no período de maio a agosto de 2015, por meio de entrevista semiestruturada e com a construção de Genograma e Ecomapa. Por meio da Análise Textual Discursiva e do referencial teórico da Teoria das Representações Sociais foram construídas oito categorias descritas a seguir: Compreendendo a gravidez na adolescência: evidenciou que a gravidez na adolescência não é apenas um problema de saúde publica, mas um fato intimamente ligado ao meio social; Rede de apoio de mulheres de vivenciaram o parto recorrente na adolescência: a família apresentou-se como principal rede de apoio, referenciada com suporte fundamental para a vivência do parto e sentimentos positivos; Vivências do parto na adolescência: tanto o meio social quanto a recorrência surgiram como amenizadores de sentimentos negativos, observou-se que quando a mulher demonstra ter algum conhecimento sobre seu processo de parturição se fortalece para sua vivência;Tomada de decisão a respeito do tipo de parto vivenciado: Independente da escolha pelo tipo de parto vivenciado, o pilar da tomada de decisão do processo de parturição está no fornecimento de informações à adolescente grávida, pois quando há conhecimento, o empoderamento surge naturalmente; Sentimentos desencadeados pelo processo de parturição: a relação de confiança parturiente/profissional de saúde surge como amenizadora de sentimentos negativos durante o processo de parturição; Parto normal x Cesárea: representações sociais do processo de parturição: presença de representações positivas e negativas de ambas as vias de parto. É possível perceber que as mulheres compreendem os benefícios do parto normal, bem como as indicações do parto cesariano; De onde vem o conhecimento sobre o processo de parturição?: Os resultados apontados demonstram que o conhecimento da mulher é muito ligado ao universo consensual, a mesma age e reage frente às representações arraigadas no meio social; O nascimento de novas concepções sobre o processo de parturição: nenhuma mulher optou pela cesariana após ter uma vivência de parto normal, pressupondo-se que o desejo das mulheres pelo parto normal vai na contramão dos elevados índices de cesarianas. Conclui-se que as mulheres que vivenciaram partos recorrentes na adolescência não receberam informações relacionadas ao parto durante o pré-natal. O conhecimento das mulheres está atrelado ao universo consensual, desta forma constroem representações sociais negativas do processo de parturição que vão perpassando as gerações.