Estratégias para a pecuária leiteira: efeitos da inclusão de gordura protegida na dieta e utilização de feromonioterapia em vacas da raça Holandês
Abstract
A utilização de gordura protegida na dieta de vacas leiteiras, bem como o uso de
feromonioterapia para reduzir estresses de manejo são exemplos de ferramentas que
podem ser implementadas na bovinocultura leiteira. Neste estudo, foram realizadas
duas pesquisas com estratégias que podem ser utilizadas a fim de incrementar o
desempenho dos animais. O objetivo do primeiro experimento foi avaliar o impacto de
uma gordura hidrogenada (H) rica em ácidos graxos saturados (AGS) (C16:0 e C18:0)
e duas gorduras protegidas por sais de cálcio (Ca) com perfis diferentes de AGS
(C16:0 e C18:0) e ácido graxo insaturado (AGI) (cis-9 C18:1) e um grupo controle (sem
suplementação de gordura) sobre o consumo, produção, composição do leite, bem
como parâmetros metabólicos e zootécnicos de vacas da raça Holandês após o pico
de lactação. O período experimental foi dividido em três períodos de 22 dias cada.
Durante cada período, foram utilizados quatro animais por grupo, totalizando 16
animais em cada período e 48 vacas (n=48) no total ao final do experimento. Os
grupos foram divididos de acordo com a composição lipídica: H-saturado (n=16), Ca
saturado (n=16), Ca-mix (n=16) e Grupo Controle (n=16). A produção diária de leite foi
medida diariamente, bem como o consumo de matéria seca (CMS). Amostras de leite
foram coletadas duas vezes por semana para análise dos constituintes (gordura,
lactose, proteína, caseína, nitrogênio ureico e sólidos totais) e contagem de células
somáticas (CCS). Amostras de sangue foram coletadas semanalmente para análise
de ácidos graxos não esterificados (AGNE), beta-hidroxibutirato (BHB), albumina,
triglicerídeos (TGL), ureia e glicose. As análises estatísticas foram conduzidas com o
software JMP Pro 14, e o nível de significância adotado foi P≤0,05. Os grupos Ca-mix
e Ca-saturado, em comparação com o grupo Controle, apresentaram menor teor de
proteína no leite (P<0,05). A CCS foi menor nos grupos de tratamento em relação ao
grupo Controle (P<0,05). Em relação às análises bioquímicas, o grupo H-saturado
apresentou uma maior concentração de BHB em comparação ao grupo Ca-mix
(P=0,05), sem efeito nos outros parâmetros. Não foram observados efeitos no
consumo alimentar, produção de leite, peso corporal (PC) nem no escore de condição
corporal (ECC). Em conclusão, ao compararmos os três grupos suplementados com
gordura, a inclusão de gorduras protegidas por cálcio reduz a CCS. Além disso, o
fornecimento de gordura hidrogenada não protegida resulta em maior teor de proteína
e caseína, bem como em maior concentração de BHB no sangue. No segundo projeto,
o objetivo foi determinar a influência do análogo sintético da substância apaziguadora
bovina (SAB) sobre a produção de leite, consumo alimentar e análises sanguíneas em
vacas durante o período de transição. Vinte e quatro vacas da raça Holandês
multíparas (do dia 28 pré-parto ao dia 21 pós-parto) foram distribuídas aleatoriamente
em dois grupos: Controle (n=12) e SAB (n=12). Cada animal recebeu 5 mL da SAB nos
dias 28 e 14 pré-parto e no dia do parto da região da nuca, por via tópica. O consumo
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alimentar foi avaliado por meio de alimentadores inteligentes diariamente, assim como
a produção de leite, que foi determinada eletronicamente. Seis amostras de leite foram
coletadas de cada animal durante o período experimental para análise da composição
química e CCS. Seis amostras de sangue foram coletadas por animal para futuras
análises bioquímicas (AGNE, BHB, cortisol, mieloperoxidase e paraoxonase 1). As
análises estatísticas foram conduzidas com o software JMP Pro 14, e o nível de
significância adotado foi P≤0,05. As vacas tratadas com SAB apresentaram maior
produção de leite (P<0,05) do que as do grupo Controle. O CMS nos períodos pré e
pós-parto foi maior no grupo Controle do que no grupo tratado (P<0,05). O grupo SAB
apresentou redução nos níveis plasmáticos de cortisol no pós-parto (P<0,05). Em
conclusão, as vacas tratadas com SAB apresentaram maior produção de leite, menor
CMS e menores concentrações plasmáticas de cortisol em comparação ao grupo
controle, demonstrando o efeito da SAB em reduzir o estresse durante o período de
transição.