A aliança Sino-Russa e a Guerra na Ucrânia: indícios históricos do século XXI
Abstract
Esta dissertação examina a aliança sino-russa à luz das crises sistêmicas e das
transições hegemônicas do século XXI, tomando como ponto de inflexão analítico a
guerra na Ucrânia. Inscrita na tradição da análise do sistema-mundo, a pesquisa
estrutura-se a partir das formulações de Immanuel Wallerstein e Giovanni Arrighi,
articulando-as à emergência de um eixo sino-russo que desafia a ordem liberal
ocidental. A hipótese central é que a intensificação da parceria técnico militar entre
China e Rússia não apenas tensiona o equilíbrio geopolítico global, mas antecipa uma
reconfiguração hegemônica com implicações diretas para a segurança internacional,
a governança global e a arquitetura do poder mundial. Metodologicamente, emprega se o process tracing e estudo de caso, com análise de conteúdo orientada por fontes
primárias e secundárias (documentos oficiais, bancos de dados como SIPRI e RAND,
e literatura especializada). Os resultados indicam que a cooperação sino russa
extrapola os limites da retórica diplomática e configura uma resposta sistêmica às
dinâmicas de contenção promovidas pelo Ocidente desde o fim da Guerra Fria. Ao
examinar as dimensões estratégicas, militares, tecnológicas e diplomáticas dessa
aliança, conclui-se que ela opera como vetor de uma nova gramática geopolítica, cujo
centro de gravidade se desloca do Atlântico para o espaço euro-asiático. Trata-se,
pois, de um estudo sobre as fraturas da ordem vigente, os realinhamentos emergentes
e os possíveis contornos de uma nova ordem multipolar em constituição.