Esculturas em madeira policromada de duas imagens de vestir de Pelotas/RS e Jaguarão/RS por meio de análises visuais e por espectroscopia no infravermelho
Date
2025-03-11Metadata
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Pretende-se com este trabalho reunir e consolidar um corpus de informações sobre duas imagens de vestir, incluindo dados sobre os materiais e técnicas utilizados na sua fabricação, permitindo a comparação entre elas e, simultaneamente, possibilitando a geração de um referencial de caracterizações para dar subsídio a estudos comparativos futuros com outras obras do mesmo período histórico. Para isso, se discorre acerca da dimensão material do patrimônio religioso, oferecendo
uma descrição de termos técnicos que ajudarão o leitor a compreender melhor as técnicas construtivas das obras de imaginária. Define-se, principalmente, as estruturas de roca, esculturas de vestir e policromia, além de serem abordadas algumas características iconográficas. Finalmente, agregam-se alguns resultados acerca das técnicas e materiais constitutivos dessas obras de arte a partir da análise da documentação científica por imagem e da interpretação de uma análise físico-química preliminar, a espectroscopia de absorção no infravermelho com transformada de Fourier (FTIR). Neste estudo são abordadas duas esculturas devocionais em madeira policromada. A primeira delas representa Nossa Senhora do Rosário e pertence à Catedral Metropolitana São Francisco de Paula, em Pelotas, Rio Grande do Sul (RS). A segunda, por sua vez, foi apresentada como Nossa Senhora da Conceição Imaculada, conforme atribuição estabelecida pela Igreja Matriz do Divino Espírito Santo de Jaguarão, RS, à qual a imagem pertence; porém, esta designação é discutida ao longo deste trabalho, pois a imagem possui muitas características iconográficas que diferem desta atribuição e convergem para a designação de outra Nossa Senhora do Rosário. Desta forma, as imagens foram chamadas, neste trabalho, de Nossa Senhora do Rosário de Pelotas e Nossa Senhora do Rosário de Jaguarão, para diferenciá-las. Ambas são esculturas de vulto, de vestir, semi-articuladas, classificadas como imagens de roca, e que, em tempos remotos, possivelmente foram utilizadas em procissões. No entanto, hoje essas esculturas estão afastadas dos cultos e da adoração dos fiéis, compondo acervos relacionados à história de suas instituições religiosas. Neste trabalho foi possível identificar a presença de óleo e do pigmento branco de chumbo na imagem da Nossa Senhora do Rosário de Pelotas e, ainda, de um pigmento vermelho que pode ser hematita (Fe2O3), enquanto na imagem da Nossa Senhora do Rosário de Jaguarão foi encontrada a substância calcita, um carbonato que era utilizado comumente como carga inerte na produção de esculturas. Finalmente, as imagens foram comparadas entre si e, apesar das semelhanças e diferenças encontradas entre elas, não foi possível identificar autorias ou determinar a origem das mesmas. As informações consolidadas neste trabalho, contudo, podem fornecer contribuições para investigações de atribuição futuras, a partir do contraponto com dados reportados por outros pesquisadores.