Avaliação da Autenticidade de Perfumes Através das Propriedades Organolépticas e Perfil Químico por Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massa
Resumo
A lucratividade do setor de cosméticos nos últimos anos tem feito crescer
mundialmente a produção e o comércio de produtos falsificados, colocando em
alerta órgãos fiscalizadores os quais visam principalmente a saúde e segurança dos
consumidores. A análise da autenticidade de perfumes é complexa devido a
quantidade de substâncias químicas presentes nas formulações. A Associação
Internacional de Fragrâncias (IFRA) tem preconizado principalmente a utilização de
Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (GC-MS) para
análises de alérgenos em perfumes, certificação de autenticidade, identificação
específica da fragrância e seus componentes. Desta forma, este estudo teve como
objetivo avaliar amostras de perfumes comercializados de forma informal na zona
central da cidade de Pelotas, RS, utilizando a comparação da embalagem e
propriedades organolépticas (odor e cor) dos produtos questionados com o original
equivalente, além da aplicação da técnica de GC-MS para comparação dos perfis
cromatográficos de ambas as fragrâncias. As análises realizadas permitiram concluir
que as amostras de perfumes analisadas apresentavam divergências nas suas
embalagens, bem como na composição química quando comparadas ao produto
original, podendo ser consideradas produtos falsificados, o que evidencia uma
problemática quanto ao comércio clandestino, além do iminente risco à saúde
pública. Além disso, tanto na amostra do perfume original quanto na amostra
questionada foi observada a presença de compostos com potencial alergênico como
eugenol, linalol e alfa-isometilionona, que somente podem ser utilizados na
formulação em concentrações controladas e sua presença deve ser informada nos
rótulos dos produtos para conhecimento dos consumidores, atendendo à legislação
vigente. Neste sentido, a GC-MS se mostrou uma técnica apropriada para
caracterização de compostos químicos em perfumes e com perspectivas de novas
aplicações na área da química forense no âmbito da indústria cosmética,
destacando-se a necessidade de fiscalização mais severa no controle de qualidade
da produção de perfumes e na comercialização informal sem a regulamentação pela
ANVISA.