Silagem de colostro bovino: aspectos físico-químicos e microbiológicos em diferentes tempos fermentativos
Abstract
O colostro bovino apresenta em sua composição proteínas, lipídios, lactose,
imunoglobulinas, fator de crescimento semelhante à insulina I, fator de crescimento
transformante beta-2, hormônio do crescimento, leucócitos, entre outros, sendo esses
essenciais aos animais recém-nascidos, principalmente nas primeiras horas de vida.
Entretanto, durante a lactação o colostro tem sua composição reduzida e o volume
produzido pelos animais é superior ao consumido pelos bezerros. A silagem de
colostro bovino é uma alternativa para conservar através da fermentação anaeróbia e
possui composição físico-química superior ao colostro e ao leite cru, permitindo o
armazenamento por até dois anos. Entretanto há poucos estudos sobre a silagem de
colostro bovino, proporcionando uma lacuna com relação à cinética de transformação
da composição e microbiota ao longo do tempo de fermentação. Assim, o objetivo do
presente trabalho foi avaliar as características físico-químicas e microbiológicas da
silagem de colostro bovino em diferentes intervalos de fermentação. As amostras de
colostro bovino (n=21) foram colocadas em garrafas plásticas de 500 mL,
armazenadas e fermentadas por 61 a 437 dias. Os parâmetros físico-químicos
avaliados na silagem foram acidez, proteína, sólidos totais e cinzas, utilizando os
métodos do Instituto Adolfo Lutz (2008). A caracterização microbiológica seguiu a
metodologia de Saalfeld et al. (2013) com adaptações, e a identificação dos microorganismos isolados foi realizada por meio da coloração de Gram e provas
bioquímicas. A acidez, proteína e sólidos totais ao logo dos intervalos de fermentação
(grupo 1: 61 a 154, grupo 2: 200 a 273 e grupo 3: 280 a 437 dias) não foram
significativas. A concentração de cinzas teve redução significativa (P<0,05) nos
grupos 1 e 3. Houve correlação positiva entre sólidos totais, concentração de
proteínas e cinzas com os intervalos de fermentação. Os micro-organismos
encontrados na silagem foram: Lactobacillus spp. (95,2%), Staphylococcus spp.
(42,9%), Corynebacterium spp. (19,0%), Enterococcus spp. e Bacillus spp. (14,3%),
Lactococcus spp. e não identificado (9,5%), Leuconostoc spp., Streptococcus spp.,
Actinomadura spp. e Escherichia spp. (4,8%). A composição da silagem de colostro
foi superior ao colostro e ao leite conforme relatado em estudos disponíveis na
literatura. Entretanto, a presença de micro-organismos patogênicos como
Streptococcus spp., Staphylococcus spp. e Bacillus spp. na silagem é preocupante,
levando em consideração a saúde dos animais que podem receber este alimento,
sendo necessário buscar meios de controlar a contaminação do colostro e
consequentemente da silagem.