Conversas no feminino sobre o cotidiano da comida campeira
Resumen
Esta pesquisa reflete sobre as memórias femininas em torno da comida campeira, em um recorte que traz as narrativas de mulheres da campanha gaúcha. A intenção foi gerar um espaço de escuta aos espaços de convivência que as cozinhas oferecem, em contexto da cultura regional, observando as materialidades contidas através dos saberes e fazeres para além do churrasco. Com isso, intencionou-se responder, quais rastrose quais memórias emergiram sobre o cotidiano das cozinhas pampeanas fronteiriças, contados a partir da ótica dessas mulheres, suas lembranças e afetos, em costura com questões territoriais, identitárias e patrimoniais. Nossas fontes se deram, em um primeiro momento, a partir de um recorte sobre o assunto das narrativas de duas mulheres oriundas da zona rural, uma do município de Alegrete e outra de Santana do Livramento, em interlocução com meu próprio referencial, durante o ano de 2021, durante a pandemia por SARS-CoV-2. Ambas residiram na zona rural e, por motivos diferentes, precisaram migrar para a zona urbana de suas cidades natais. Em um segundo momento, tivemos quatro entrevistadas durante o 7º Festival Binacional de Enogastronomia de Santana do Livramento, em 2022, utilizando-se a metodologia narrativa com análise de pesquisa qualitativa. A partir da construção das narrativas, buscou-se perceber a relação entre comida campeira em relação aos discursos oficiais e de movimentos intitulados “tradicionalistas”, verificar quais os fatos mais marcantes são rememorados e associados ao entorno das cozinhas e apurar o que mudou do que se cozinhava na infância dessas mulheres para os dias de hoje.