Descrição anatomohistológica da orelha de bovinos de corte na sensibilidade auditiva e bem-estar animal
Abstract
O conhecimento sobre a audição dos bovinos assume papel importante dentro do
sistema de produção animal. Em vista disto, este trabalho teve os objetivos de:
avaliar o comportamento de bovinos taurinos e zebuínos expostos a três níveis de
frequências sonoras; comparar a morfologia macroscópica e microscópica da orelha
de taurinos com zebuínos e correlacionar a influência da audição no bem-estar
animal destes dois subgrupos. Para as avaliações in vivo, foram utilizadas 30
fêmeas bovinas com idade entre 2,5 e 4 anos, divididas em dois grupos genéticos
Taurinos (Bos taurus taurus) e zebuínos (Bos taurus indicus). Na avaliação de
comportamento foi realizado um etograma, onde se avaliou animais expostos a três
frequências sonoras: 65Hz, 8kHz e 20kHz, com volume de 60 dB e de forma
simultânea dentro de cada grupo racial. Ainda, foi determinada a mensuração da
área da pina e a distância interaural. Para as avaliações anatômica e histológica,
foram utilizados três animais de cada grupo racial, onde foram coletadas amostras
teciduais da pina nas regiões: da extremidade, média, basal e apical e do meato
acústico. Os dados qualitativos foram obtidos através da análise multivariada
exploratória e os dados quantitativos através da Anova, onde as médias foram
comparadas pelo teste F (p<0,05). Em relação ao comportamento foram observadas
diferenças entre as duas raças, onde animais Zebuínos se mostraram mais reativos
as frequências baixa e alta. Taurinos apresentaram menor área de pavilhão auricular
(89,354 cm²) do que zebuínos (118, 222 cm²). Também houve diferença significativa
entre as duas origens raciais em relação à distância interaural, onde animais
taurinos apresentaram distância de 26,222 cm e zebuínos 21,737 cm. Os resultados
da morfometria obtidos em relação às médias dos folículos pilosos e glândulas
sudoríparas por área do pavilhão auricular de bovinos de corte demonstram que
houve diferença significativa entre as duas origens raciais (taurinos e zebuínos) em
praticamente todas as partes estudadas, excetuando as áreas da aurícula média da
pele dorsal e o meato acústico externo. Em relação à área da cartilagem hialina
taurinos apresentaram menores áreas no pavilhão no seu topo e no meato externo
do que taurinos. Na mensuração do comprimento do meato acústico não foram
observadas diferenças significativas (p<0,05) entre taurinos e zebuínos.Há diferença na composição histológica em relação a número de folículos pilosos,
de glândulas sudoríparas e dimensões da área de cartilagem entre os grupos raciais
que deve ser associada às dimensões das estruturas da pina e da necessidade de
proteção às estruturas da aurícula e meato acústico.