Incidência do primeiro molar em cavalos Crioulos e sua correlação com a genética
Fecha
2015-07-28Autor
Jacques, Rafaela Simões Pires Esteves
Metadatos
Mostrar el registro completo del ítemResumen
A valorização de animais com alto desempenho funcional e alto valor
zootécnico, fez com que a criação desses animais fosse conduzida em alta escala,
concentrando muitas vezes uma mesma linhagem, a fim de acelerar o melhoramento
e valorizar seus produtos. Com isso, a consanguinidade é uma realidade dentro das
criações. Além disso, deu-se a modificação dos hábitos alimentares naturais do
cavalo, alterando substancialmente o padrão de mastigação. Com isso, as mais
variadas alterações odontológicas passaram a ter influência no desenvolvimento e
performance. A odontologia equina não está incluída nos critérios de seleção de
animais para a reprodução, principalmente devido a ausência de estudos
correlacionando anormalidades odontológicas com a genealogia e desempenho.
Entretanto, isto é muito importante, pois orientará o criador para evitar efeitos
indesejáveis da endogamia. Entre as anormalidades odontológicas o dente de lobo ou
pré-molar 1 (PM1) é a mais frequente. Com base nisto, este estudo teve o objetivo de
avaliar a incidência do PM1 e identificar os fatores que contribuem para sua variação
em uma amostra de 443 equinos, machos e fêmeas da raça Crioula examinados
clinicamente, entre os anos de 2013 e 2014. Um total de 223 (50,34%) de animais
apresentaram o primeiro pré-molar. Avaliações usando qui-duadrado (χ
2
) não
identificaram nenhuma associação significativa (P=0,4648) entre sexo e a presença
do primeiro pré-molar. As percentagens de ocorrência de acordo com a posição 105,
205 e ambas (105-205) foram respectivamente, 6,32%, 7,00% e 37,02%. Houve uma
associação significativa (P < 0,0001) entre a idade do animal (grupos de I, II e III) e a
presença de dente de lobo. A maior frequência de dente de lobo foi observada em
animais do grupo I (idade de 1 a 3 anos) e a menor em animais do grupo III (acima de
10 anos). Houve uma associação também significativa entre linhagens (brasileira,
uruguaia e chilena) e a presença de dente de lobo. A maior incidência de dente de
lobo ocorreu na linhagem uruguaia (66,67%) e a menor na linhagem brasileira
(46,35%). A consanguinidade avaliada na população analisada variou entre 0,0 e
0,2812. A consanguinidade média (erro padrão) em machos foi de 0,015 (0,026) e em
fêmeas 0,009 (0,021). As consanguinidades entre animais sem e com dente de lobo
foram: 0,011 (0,025) e 0,015 (0,024) respectivamente. As consanguinidade média e erros padrão de acordo com os grupos de idade (I, II e III) foram: 0,016 (0,021), 0,014
(0,027) e 0,007 (0,019) respectivamente. As médias de consanguinidade e desvio
padrão de acordo com as linhagens (brasileira, chilena e uruguaia) foram: 0,009
(0,019), 0,011 (0,012) e 0,023 (0,032) respectivamente.Dos 443 animais coletados
foram escolhidos 50 para análise do gene MSX1, sendo 25 com presença de dente
de lobo e 25 sem esta alteração. Estas 50 amostras foram submetidas a análise de
SSCP e sequenciamento para verificação de polimorfismo no primeiro exon do gene
MSX1. Embora nenhuma relação de causa tenha sido estabelecida entre o exon I do
gene MSX1 e a presença de dente de lobo, esta é a primeira tentativa de relacionar
este tipo de alteração dentária e gene homeobox em equinos. Podemos concluir neste
estudo que há uma forte relação entre dente de lobo com idade e linhagem, mas não
há influência do sexo sobre esta alteração dentária. Uma grande influência genética
também existe, pois há uma expressão mais forte (ocorrência) desta anomalia na
arcada dentária superior. De forma especulativa podemos dizer que estas
associações observadas neste trabalho sejam em parte devido aos níveis de
consanguinidades apresentados pelos animais avaliados.