Percepções de um eletrogravador: experiências poéticas com a corrosão
Abstract
Esta dissertação aborda questões referentes ao meu processo de criação, e assuntos que dialogam com as produções realizadas no mestrado em Artes Visuais da UFPel. As produções que compõem este trabalho tecem sutis relações entre o universo da gravura, as impressões e incisões no cotidiano. A dissertação é organizada de modo a sistematizar uma poética sobre o ato de gravar, que se desenvolveu paralelo as práticas com procedimentos eletrolíticos na gravura em metal, o que apresento são percepções de um eletrogravador. A prática é o ponto de partida dessa investigação que visa expor um olhar que excede o espaço do atelier, explorando questões e acontecimentos que me atravessaram durante os dois anos que compreende o mestrado. É reconhecido, neste texto, a importância do experimento para alcançar uma experiência intensa na produção artística. Correr riscos, explorar o acaso e permanecer atento sobre as coisas que me rodeiam são algumas das estratégias utilizadas durante essa pesquisa. Meus objetos de estudos correspondem a dez trabalhos processuais, são eles: Captador de Resíduos; Pequenos Naufrágios; Céu; Mapas Poéticos do Interior do Cubo Vermelho; Em Três Tempos; Paisagem Corroída; Contendo Sopro; Receptor de memórias; Projeto Matriz Compartilhada e Conexão Céu e Terra, os mesmos são dispositivos artísticos, projetos artísticos e/ou ações artísticas. No texto, os trabalhos aparecem em um discurso “rio” que percebe cada um deles em seu estado de formação, em que uma ação se une a outra, num desdobrar dos pensamentos que os formaram. Pretendo, em meio às palavras e imagens do processo de criação, apresentar as transformações deste, que pode ser interpretado como uma “fase de transição” que parte do atelier de gravura para o espaço. Nesse sentido, o que apresento são atos de corrosões que dividem em três fases, cada uma delas contém registros de ações realizadas no atelier de gravura, ações frente à paisagem e acontecimentos que me atravessam no cotidiano. Portanto, os conceitos operacionais desta investigação poética são: extrair, deslocar e fixar; estas ações sustentam as discussões sobre os
processos alquímicos na produção artística e nas reflexões sobre a corrosão e o ato de gravar. Em
dialogo com a minha produção e pesquisa sobre a corrosão, abordo determinados trabalhos e reflexões
de artistas como: Marco Buti; Robert Smithson; Daniel Senise; Elida Tessler, Victor Gripp, Hans Haacke, Richard Long, Cinthia Marcelle, Paulo Damé, Carlos Filho e os teóricos Gaston Bachelard; Gilles Deleuze, Virgínia Kastrup, Michel de Certau, Francesco Careri, Georges Didi-Huberman, entre outros. Em fim, proponho uma reflexão sobre a corrosão como uma ação que produz gravura.
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