Efeitos letais e subletais de inseticidas utilizados na cultura do pessegueiro sobre o predador Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) em condições de laboratório e semi-campo
Resumo
Dentre as principais frutíferas cultivadas na região Sul do Brasil, destacam-se as de
clima temperado como o pessegueiro, a ameixeira e a macieira. Nessas culturas,
um dos principais problemas enfrentados, tem sido o manejo de artrópodes-praga,
especialmente a Anastrepha faterculus (Wiedemann, 1830) (Diptera: Tephritidae) e
a Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae), e a principal forma
de controle é a aplicação de inseticidas. Entretanto, a utilização de inseticidas
como medida única para o controle, está em desacordo com o Manejo Integrado de
Pragas (MIP), que prevê a combinação dos controles químico e biológico. Nesse
sentido, estudos de toxicidade de inseticidas a inimigos naturais, geram
informações importantes para que a associação desses métodos, seja viabilizada.
Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a toxicidade dos inseticidas
acetamiprido + etofenproxi, espinetoram, indoxacarbe e metoxifenozida sobre
Chrysoperla externa Hagen, 1861 (Neuroptera: Chrysopidae), utilizando a
metodologia proposta pela “International Organization for Biological and Integrated
Control” (IOBC), através de bioensaios em laboratório sobre ovos, larvas, pupas e
adultos, além de testes de persistência biológica em casa-de-vegetação. Em ovos
e pupas foi realizado a pulverização direta dos inseticidas, e larvas e adultos
consistiram na exposição dos insetos a resíduos pulverizados sobre placas de
vidro. Os bioensaios de persistência biológica (duração da atividade nociva) de
inseticidas sobre larvas e adultos, foram através da exposição dos insetos a
resíduos dos inseticidas pulverizados sobre extrato foliar e avaliados em diferentes
intervalos de tempo. Em condições de laboratório, todos os inseticidas testados
foram inócuos (classe 1) a ovos do predador, e somente acetamiprido + etofenproxi
foi considerado como levemente nocivo (classe 2) a fase de pupa. Os efeitos dos
inseticidas causaram resultados semelhantes a fase larval e adulta de C. externa
em laboratório, no qual os inseticidas acetamiprido + etofenproxi, espinetoram,
indoxacarbe foram nocivos (classe 4) a ambos os estágios. No que diz respeito a
persistência biológica de inseticidas, espinetoram e indoxacarbe foram
moderadamente persistentes (classe 3) para larvas, e somente o espinetoram
apresentou-se como levemente persistente (classe 2) a adultos, os demais
inseticidas, acetamiprido + etofenproxi, indoxacarbe e metoxifenozida foram
classificados como inseticidas de vida curta (classe 1) nesta avaliação. Conforme
os resultados dos bioensaios em laboratório e em casa de vegetação, é evidente a
diferença de suscetibilidade entre as fases de larva e adulto de C. externa,
devendo ser priorizado a utilização dos inseticidas acetamiprido + etofenproxi e
metoxifenozida, visto que não causaram efeitos deletérios na fase larval de C.
externa, que é mais sensível aos inseticidas, favorecendo assim a viabilidade do
controle biológico.
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