Narrativas da abolição da escravidão no Brasil em livros didáticos de história (1889-1930).
Resumo
Este estudo analisa como a Abolição da escravidão no Brasil foi abordada em livros
didáticos de História publicados entre os anos de 1889-1930, observando o espaço
concedido à temática nos livros e aos agentes sociais eleitos como protagonistas nas
narrativas. Para a realização da pesquisa foram selecionados livros didáticos de
História que possuíssem o conteúdo Abolição da escravidão nos seguintes acervos:
Acervo de Livros Didáticos de História do Laboratório de Ensino de História
(LEH/UFPEL); Centro de Documentação de História da Educação da Faculdade de
Educação (CEDOC/UFPEL); Centro de Memória e pesquisa Hisales (História da
Alfabetização, Leitura, Escrita e dos Livros escolares); e no Laboratório de ensino e
material didático da USP (LEMAD), que disponibiliza livros didáticos de história
digitalizados em seu site institucional. Desta forma, tal investigação permitiu que se
analisasse como o tema foi abordado nos livros didáticos de História selecionados e
se compreendesse as narrativas desenvolvidas por diferentes autores a partir do
contexto em que foram publicadas as obras. Os livros didáticos foram divididos por
décadas de publicação de modo a estabelecer as categorias de análise de conteúdo.
Assim, a partir da metodologia da análise de conteúdo, aplicada em 19 obras,
constatou-se que durante a Primeira República houve uma ampliação da abordagem
acerca da Abolição nas narrativas históricas didáticas. Além disso, é percebível que
cada autor abordou a temática contemplando diferentes aspectos, tais como: a
Abolição vista como uma data (13 de maio de 1888); a Abolição vista como fato
histórico protagonizado pelo ato da Princesa Isabel; a Abolição como um movimento;
a Abolição como resultado de ações parlamentares do Império, leis e abolicionistas; e
a Abolição vista como resultado de uma propaganda. A partir da análise das fontes é
possível notar que as narrativas apresentadas nos livros didáticos de História acerca
da Abolição da escravidão apresentam uma determinada compreensão da história
que contribuiu para perpetuar a ideia de que a população escravizada não teria
participado desse processo. Portanto, a história da Abolição nas narrativas didáticas
é construída, no período pesquisado, de modo que se compreenda a Abolição como
uma concessão à população negra. Os textos apresentados possuem a “experiência
do tempo” daqueles autores e editores que viveram no pós-abolição e escreveram sob
a influência historiográfica da época.
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