Dimensão espaço-temporal do crime patrimonial de roubo a pedestre no contexto da criminalidade em Pelotas/RS de 2016 a 2019.
Resumen
Os dados crescentes de insegurança e de criminalidade incidem diretamente na qualidade de
vida, na produção e transformação dos espaços urbanos, influenciando, desta forma, novas
formas de apropriação e sociabilidade. Por isso, espaço, paisagem e percepção foram
considerados conceitos fundamentais neste estudo, assim como, a Segurança Pública que, no
Brasil, passou por um processo de transformação e evolução de seus paradigmas nas últimas
décadas, até a chegada da concepção de Segurança Pública Cidadã que trás consigo o
protagonismo dos municípios e a segurança pública baseada em evidências científicas, que se
consubstancia em fontes teóricas que explicam os fenômenos da criminalidade. Uma
contextualização de Pelotas na rede urbana e quanto aos índices de criminalidade também é
realizada para, posteriormente, rumar para o objetivo da pesquisa que é a realização de uma
análise espaço temporal dos crimes de roubos a pedestres em Pelotas, avaliando fatores que
podem influenciar ou facilitar seu cometimento. Os procedimentos metodológicos
envolveram: coleta de dados secundários e primários; organização de dados em Sistema de
Informação Geográfica (SIG) para as análises espaciais e em planilha eletrônica para outras
análises quantitativas; estudos anteriormente realizados também contribuiram
qualitativamente. A análise desenvolveu-se em três escalas: escala municipal com foco na
sede, escala intraurbana com foco no centro, escala da Praça Coronel Pedro Osório e entorno.
Os resultados apontam que, de 2016 a 2019, os padrões temporais de roubos a pedestres em
Pelotas foram heterogêneos e o comportamento espacial foi relativamente homogêneo quando
relacionado ao Centro. A análise dos segmentos de ruas com maior incidência de casos
registrados, juntamente com a aplicação do questionário sobre a percepção de segurança,
somados aos mapas comportamentais, apontam para uma consistência das teorias criminais na
explicação de parte dos delitos registrados em Pelotas (RS). Nesse aspecto, constatou-se que
segurança envolve a percepção, ou seja, nem sempre é preciso haver muitos casos de crimes
para que as pessoas se sintam inseguras. Já o esvaziamento de determinados locais ou ruas,
não evita que crimes aconteçam e muito menos diminui a sensação de insegurança. Na análise
dos segmentos de ruas a paisagem retratada apresenta-se em desacordo com as teorias de
espaços seguros, pois não há diversificação de atividades, predominando o uso por
estabelecimentos comerciais, em ruas estreitas, com grandes paredes extensas, muros e
paradas de transporte público. Alguns desses elementos propiciam lugares de esconderijo para
o cometimento de um delito, assim como, não proporcionam relações de pertencimento e
cuidado, são locais de uso transitório seja para deslocamento ao trabalho, a estabelecimentos
de ensino ou a outros serviços. Por fim, a iluminação precária tanto nas vias analisadas quanto
na principal praça da cidade, a Praça Coronel Pedro Osório, corroboram para a ocorrência do
crime. Constatou-se que teorias criminais relacionadas ao espaço, amplamente testadas em
outras circunstâncias, explicam de algum modo a distribuição do crime na área estudada.
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