Proteínas de fase aguda e suas relações com o desempenho reprodutivo e produtivo de vacas leiteiras pós-parto.
Resumo
O período de transição de vacas leiteiras, caracterizado pelo balanço energético
negativo (BEN), em que a demanda por nutrientes é maior do que a capacidade de
ingestão da vaca, tem sido negativamente correlacionado com a retomada da
atividade ovariana pós-parto, bem como condição de saúde da vaca, devido ao estado
inflamatório que o BEN produz. Proteínas de fase aguda são marcadores inespecíficos
da inflamação e têm sido utilizadas para avaliar o estado inflamatório e a chance de
ocorrência de doenças, pois são produzidas na resposta inflamatória sistêmica. O
objetivo deste estudo foi avaliar se o momento da ovulação pós-parto está relacionado
com a secreção de proteínas de fase aguda, indicadores de lipomobilização e
percentagem de células polimorfonucleadas (PMN) na citologia endometrial. Vacas
multíparas da raça Holandês (n = 20), foram selecionadas pelo número de lactações (≥
3), produção de leite na última lactação (7891±1184/Kg/305 dias) e histórico negativo
de enfermidades no último ano produtivo. Amostras de sangue foram coletadas
semanalmente do dia -21 relativo ao parto até os 30 dias pós-parto, e também dia do
parto e dias 3, 6 e 9 pós-parto, para avaliação da concentração das proteínas de fase
aguda: haptoglobina, albumina e paraoxonase, dos metabólitos glicose e ácidos
graxos não esterificados (AGNE). Para avaliação do retorno a ciclicidade, amostras de
sangue foram coletadas semanalmente do dia 16 ao dia 44 pós-parto para avaliação
das concentrações séricas de progesterona. Exames ginecológicos e vaginoscopia
foram realizados nos dias 18±2, 25±3 e 33±2 pós-parto, para avaliação e
caracterização de secreção uterina. Citologia endometrial foi realizada aos 37±2 dias
pós-parto, para avaliar a saúde uterina, através de lavado uterino de baixo volume. As
vacas foram divididas de acordo com o retorno da atividade ovariana pós-parto até os
44±2 dias em Vacas Ovuladas (Grupo VO = 12) e Vacas Anovuladas (Grupo VA = 8).
Vacas do grupo VA tiveram menores concentrações de albumina em todo o período
pré (P = 0,03) e pós-parto (P = 0,01), maiores concentrações séricas de haptoglobina
no pré-parto (P = 0,04) e tenderam a ter menores concentrações de paraoxonase no
pós-parto do que o grupo VO (P = 0,09). Não foram observadas diferenças nas
concentrações de glicose, AGNE e insulina (P > 0,05) entre os grupos. Vacas do
grupo VO tiveram menor contagem de células PMN na citologia endometrial do que
vacas que não ovularam (26,3% vs 53,4% PMN; P = 0,05). Aos 25±3 dias pós-parto,
apenas 1 vaca do grupo VO apresentou secreção uterina alterada na vaginoscopia,
enquanto que 3 vacas do grupo VA apresentaram secreção alterada (P = 0,07). Em
conclusão, vacas que retornam mais cedo a atividade ovariana pós-parto apresentam
resposta inflamatória sistêmica menos acentuada, não são influenciadas por
lipomobilização e tem melhor saúde uterina.
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