Na encruzilhada das práticas e memórias negras: benzedura e ancestralidade no município de Pelotas-RS.
Resumen
A benzedura é uma prática comum em todo território brasileiro, sua utilização
enquanto modalidade de cura data de tempos imemoriais. No presente trabalho
considera-se esta enquanto prática híbrida, formada através do conjunto de culturas
africanas, indígenas e europeias, no entanto debruça-se com maior afinco acerca
das contribuições negro-africanas por considerar que a prática foi imprescindível
para a manutenção da vida e possibilidade de sobrevivência durante a diáspora e
que ainda hoje atua enquanto alternativa de cura e autocuidado. Para além de sua
concepção atrelada ao processo de saúde-doença, interpreta-se a benzedura
também como um processo de aprendizagem para seus atores. Dessa forma, o
objetivo desta dissertação de mestrado é compreender, através de narrativas de
benzidos, os saberes que são potencializados, assimilados ou desencadeados
através da experiência de benzedura bem como traçar uma análise acerca das
possíveis formas de ocorrência destes. Para tanto foi elaborado, através da
metodologia de história oral, um memorial desenvolvido por meio da narrativas de
dez benzidos do município de Pelotas/RS que permite visualizar as motivações, o
processo da benzedura e o que permaneceu após a experiência e que, por vezes, é
perpetrado no cotidiano. Para embasar estes apontamentos e usar as lentes
adequadas para tanto, integra o processo de pesquisa também uma revisão
bibliográfica que utiliza-se principalmente de referenciais da Geografia, da educação
e também das temáticas étnico-raciais, voltadas em especial, para o estudo da
ancestralidade, do repasse de saberes e experiências e práticas negras de
sobrevivência e resistência.
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