Aulas mistas na Educação Física: tensões e contradições
Abstract
A sociedade conquistou recentemente mudanças significativas quando nos referimos à participação feminina tanto no ambiente profissional quanto no ambiente esportivo. Mesmo assim, ainda encontramos nas escolas, professores com dificuldades para ensinar aulas mistas com o viés pautado na co-educação e meninos e meninas que se mostram resistentes a esse tipo e organização das aulas de Educação Física. Considerando que as aulas em
regime de co-educação buscam minimizar as posições ocupadas pelos exos,
a pesquisa teve como objetivo analisar as relações de gênero presentes nas aulas de Educação Física e as dificuldades, tensões e contradições quanto ao
ensino de aulas mistas em uma escola de Pelotas/RS. É um estudo de caso e
a pesquisa foi classificada como qualitativa, onde os participantes foram o professor de Educação Física e alunos de ambos os sexos de uma turma de 7º ano de uma escola da rede particular de ensino. O processo metodológico se constituiu de entrevista semiestruturada, entrevista coletiva e também de
observações sistemáticas registradas em diário de campo sugerindo a Triangulação dos dados. Os resultados mostraram que a separação
identificada é determinada por questões de gênero, mas predominantemente
porque o professor separa as meninas dos meninos, organizando-os de cordo com a habilidade deles e delas. E ainda, que apesar do grupo ter demonstrado interesse por aulas mistas, as meninas ainda continuam resistentes, por medo de se sentirem excluídas durante a participação em aula, principalmente quando o conteúdo desenvolvido é o esporte, e os meninos foram os que demonstraram maior interesse por aulas conjuntas. O professor elabora novas regras para que meninas e meninos joguem juntos, o que as fazem acreditar que são pouco habilidosas, porém é amenizado pelos meninos, já que elas disseram que aprendem muito com eles. Enfim, o estudo possibilita o esclarecimento aos professores que o fato de ter meninos e meninas presentes na mesma aula não garante a problematização de gênero que é necessária para entendimentos dos papeis sexuais destinados a cada sexo, assim como as feminilidades e masculinidades construídas.
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