Violência escolar : a produção de inquietude na escola
Abstract
A presente dissertação aborda a violência escolar e seus processos de subjetivação, a partir de uma pesquisa de campo em uma escola pública localizada no centro de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul. O objetivo consiste em acompanhar e delinear os territórios da violência, considerando as condições em que aparecem, além de seus modos de funcionamento. Para isso, a intenção do pesquisador foi habitá-los, com a função de captar desde as marcas expressivas mais excedentes até as formas sutis do que violenta os corpos, bem como atentar para as singularidades que coexistem em um mesmo espaço. Parte-se da premissa de problematizar a dicotomia violência-paz que aparece atrelada à temática, entendendo que essa perspectiva envolve uma compreensão moralizante. Outro ponto de partida é não ocupar a posição do especialista para dizer o que professores, alunos ou gestores precisam fazer para lidar com a violência, mas colocar-se junto à escola e aos afetos que envolvem o assunto. Através da compreensão de Guattari (1992) acerca da subjetividade é possível chegar tanto às formas mais rígidas que contemplam significações dominantes e as marcas das condutas excessivas que envolvem a violência, até as linhas que escapam em meio à produção maquínica que é permeada por instabilidades e inconstâncias. No percurso encontrou-se uma máquina escolar que não cessa de produzir inquietudes, assim como concentra seus esforços para regulá-las. Nesse movimento, a pesquisa consiste em desenhar paisagens territoriais e seus escapes (GUATTARI, 1988), considerando processo de transformação do pesquisador, a partir de sua implicação (LOURAU, 1993). São dispostos três territórios: violência docente; violência discente; aluno problema. Posteriormente, chega-se a duas pontas de desterritorialização: um corpo não tão dócil nem problemático; professores que cantam. A partir disso, aproximou-se dos corpos inquietos que são constituídos em linhas molares, com suas formas, e moleculares que vêm a desestabilizar as estratificações, acompanhando os alunos e professores como vidas que não se restringem à submissão, à resignação, ou mesmo à violência e às condutas desviantes.
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