As atitudes linguísticas de estudantes, falantes de línguas minoritárias de imigração, em relação à diversidade linguística escolar do Campus IFSul - Visconde da Graça/CaVG
Resumo
Esta Tese apresenta um estudo sobre as atitudes linguísticas dos estudantes
falantes de línguas minoritárias de imigração alemã, no contexto do Campus
IFSul/Pelotas-Visconde da Graça/CaVG (doravante Campus CaVG). A pesquisa
adotou uma abordagem metodológica multiestratégica, combinando métodos diretos
e indiretos. O objetivo central foi investigar as atitudes linguísticas dos estudantes
falantes de línguas minoritárias de imigração no Campus CaVG, explorando como
eles percebem e avaliam a diversidade linguística escolar, suas línguas minoritárias
e a sua variedade de português. Para isso, a pesquisa foi estruturada em três etapas:
(i) Mapeamento Linguístico Acadêmico (MLA), para identificar falantes de línguas
minoritárias na comunidade acadêmica; (ii) teste de Matched Guise, que avaliou a
percepção dos participantes sobre diferentes sotaques e registros do português,
espanhol, francês, inglês, alemão e pomerano; e (iii) entrevistas sociolinguísticas,
por meio das quais analisou-se a consciência sociolinguística dos participantes. Os
resultados indicaram que as atitudes linguísticas dos participantes seguem uma
lógica de prestígio e funcionalidade, alocando em três dimensões: atratividade,
solidariedade e status. As línguas estrangeiras curriculares foram associadas à
mobilidade e ascensão social. Já as línguas minoritárias foram fortemente vinculadas
à identidade e ao pertencimento comunitário. O sotaque emergiu como marcador
social e identitário. No Matched Guise, os participantes associaram diferentes traços
linguísticos a atributos como competência, confiabilidade e informalidade,
reproduzindo uma estereotipia de hierarquização das línguas. No entanto, nas
entrevistas demonstraram um maior grau de consciência sociolinguística, sugerindo
que a percepção espontânea dos idiomas pode ser relativizada quando submetida a
uma reflexão metalinguística, revelando uma discrepância tênue entre os dados.
Além disso, observou-se que, embora influenciados pela norma-padrão, os
participantes demonstraram certa flexibilidade na avaliação de diferentes registros
do português. A conclusão do estudo aponta para a necessidade de repensar as
políticas linguísticas educacionais, que ampliem o reconhecimento institucional das
línguas minoritárias. Da mesma forma, reforça a importância de uma educação
linguística crítica, uma pedagogia plurilíngue que valorize a diversidade e a
identidade sociolinguística dos falantes.
