Leptospirose no Brasil: o impacto na saúde pública e o desenvolvimento de novas vacinas
Resumen
A leptospirose é uma doença infecciosa causada por espiroquetas patogênicas do gênero Leptospira, com complicações em humanos e animais. Essa doença é transmitida através do contato direto com animal infectado ou com ambiente contaminado com a urina destes animais. Roedores podem carrear leptospiras nos túbulos renais e são considerados a fonte mais importante para novas infecções. Em hospedeiros suscetíveis, as leptospiras patogênicas se espalham no organismo resultando em uma doença severa, potencialmente fatal, com falência de múltiplos órgãos. Em medicina veterinária a vacinação é a abordagem profilática mais efetiva contra a leptospirose. As bacterinas, são as únicas vacinas atualmente disponíveis, que induzem uma imunidade de curta duração, sendo esta, sorovar-específica. Esforços para desenvolver uma vacina recombinante, como possível solução para esses problemas, obtiveram limitado sucesso e o desenvolvimento de vacinas capazes de substituir as bacterinas permanece um desafio. Neste estudo, foi revisado o cenário atual de desenvolvimento de novas vacinas DNA contra a leptospirose e potenciais alvos vacinais foram identificados. Os genes lemA e ligBrep mostraram-se antígenos promissores. Tais antígenos, quando utilizados em imunizações prime-boost conferiram 87.5% e 83.3% de proteção, respectivamente. Além disso, relatamos pela primeira vez, a avaliação da bacterina, da bacterina coadministrada com a proteína recombinante LigBrep e da proteína recombinante LigBrep, como antígenos vacinais em experimentos de longa duração. A vacina de subunidade que utilizava como antígeno a proteína LigBrep conferiu de 50-100% de proteção durante os 6 primeiros meses, porém, não conferiu proteção em desafios realizados 12 meses após a vacinação. As vacinas que utilizaram como antígenos a bacterina e a bacterina coadministrada com a proteína recombinante LigBrep conferiram 100% de proteção nos experimentos de longa duração. Ainda, buscando compreender melhor o impacto da doença no país, foi realizado uma análise de tendência temporal da incidência de leptospirose no Brasil durante o período de 2007 a 2014. A maioria dos casos ocorreram em homens adultos, entretanto, houve um aumento significativo da doença em mulheres, crianças, idosos e na região norte do país. Juntos, estes achados representam um avanço no estudo da leptospirose com impacto na saúde pública e no desenvolvimento de novas vacinas.

