Enteroparasitos em pacientes neoplásicos submetidos à quimioterapia na região sul do Rio Grande do Sul, Brasil
Abstract
Pacientes oncológicos são considerados um grupo de risco para infecções parasitárias, logo, levantamentos epidemiológicos e de prevalência dessas afecções são essenciais na elaboração e direcionamento de programas de prevenção e controle de doenças parasitárias no grupo abordado. Os objetivos deste estudo foram: avaliar o conhecimento sobre enteroparasitoses em pacientes oncológicos de três instituições de tratamento para o câncer do município de Pelotas, extremo sul do Rio Grande do Sul, Brasil; determinar a prevalência de enteroparasitos e fatores socioeconômicos associados em pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE/UFPel); e conhecer a diversidade genética de Giardia lamblia em pacientes com neoplasias. A avaliação dos conhecimentos se deu através de questionários, a qual contou com a participação de 200 pacientes em tratamento para o câncer, revelando que: 69,5% dos pacientes afirmaram que conhecem ou sabem o que são parasitos intestinais, mas relataram alguns sinais e sintomas equivocadamente; 64% reportaram não saber quando estão parasitados e 52% mencionaram não saber como evitar o parasitismo. Foi ainda verificado que a zona de residência, a escolaridade e a renda familiar foram fatores determinantes no etnoconhecimento de forma significativa. O estudo de prevalência de enteroparasitos realizado no HE/UFPel, abordou 110 pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia, dos quais, foram coletadas amostras de fezes (três por indivíduo), e características socioeconômicas e epidemiológicas, através de questionário. O diagnóstico dos enteroparasitos foi feito por exame parasitológico de fezes (EPF) e colorações específicas. Foram encontrados 58,2% de pacientes positivos para enteroparasitos e, 31,8% destes, estavam poliparasitados. Os parasitos intestinais mais prevalentes foram Ascaris lumbricoides (28,2%), G. lamblia (17,3%) e Entamoeba coli (14,6%). Renda familiar até dois salários mínimos, ensino fundamental incompleto ou completo, residência em zona rural foram significativamente associadas com a presença de enteroparasitos. E por fim, os isolados de G. lamblia oriundos de pacientes oncológicos do HE/UFPel passaram por extração de DNA, nested-PCR e sequenciamento do fragmento do gene mitocondrial glutamato desidrogenase (gdh). Os fragmentos de G. lamblia obtidos a partir do sequenciamento tiveram similaridade com os genótipos B (36,8%), C (31,6%), A (26,3%) e D (5,3%). A pesquisa revelou carência de conhecimentos, principalmente, relacionados às medidas preventivas, e elevada prevalência de enteroparasitos na população abordada, além de lançar luz sobre os genótipos de G. lamblia que acometem este grupo.