Análise do perfil de adesão medicamentosa de pessoas vivendo com HIV e AIDS no município de Florianópolis
Resumen
Os avanços tecnológicos nas terapias antirretrovirais e a política de descentralização do cuidado de pessoas infectadas pelo HIV implicaram em um aumento na prevalência de pessoas vivendo com a doença. A adesão medicamentosa é fundamental para evitar o desenvolvimento de cepas resistentes e as complicações clínicas, promovendo o controle da infecção. Reconhecendo esta necessidade de cuidado e adesão ao tratamento, o Brasil se comprometeu com a meta 90-90-90 proposta pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/AIDS (UNAIDS) que prevê que 90% dos casos de HIV/AIDS sejam diagnosticados, que 90% destes estejam em tratamento e destes 90% alcancem a supressão viral. Em 2015, estudo nacional de grande escala demonstrou supressão viral em cerca de 85% dos usuários em tratamento medicamentoso. Não foram encontrados estudos similares da região Sul ou do município. Esta dissertação visou realizar um estudo transversal quantificando a prevalência de adesão ao tratamento no município de Florianópolis, examinando sua associação com aspectos demográficos, de utilização de saúde e características clínicas. A partir da análise de dados secundários dos bancos de dados nacionais e municipais, a prevalência de adesão à TARV foi de cerca de 85%. Pessoas brancas, do sexo masculino, que tinham acompanhamento em ambos os níveis de atenção tinham maior adesão ao tratamento. A idade e o número de consultas apresentou associação direta com adesão à TARV. O processo de descentralização do cuidado ao usuário vivendo com HIV e AIDS é o caminho para uma assistência mais integral, porém desafios técnicos e éticos ainda precisam ser enfrentados. A qualificação profissional, o correto referenciamento com articulação em rede e a atenção às questões de sigilo e confidencialidade precisam ser reforçadas de forma a ampliar a adesão ao tratamento. A adesão à TARV é um indicador importante da qualidade do cuidado e pode subsidiar o planejamento de ações para a melhoria da atenção à saúde das pessoas com HIV/AIDS.

