Produção de subjetividades de crianças e jovens em situação de acolhimento: adoção tardia, futebol e outras práticas corporais
Resumo
Esta tese se propôs a pesquisar a produção das subjetividades de crianças e jovens
institucionalizados em três casas de acolhimento da cidade de Pelotas, Rio Grande
do Sul. O estudo centrou-se em conhecer a rotina dessas instituições a fim de
problematizar e cartografar as narrativas e as práticas vivenciadas pelos sujeitos
nesses espaços. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e a sua metodologia utilizou
se de princípios provenientes da etnografia contemporânea, mais especificamente a
“participação observante” e as “entrevistas compreensivas”. A pesquisa de campo
dentro das casas de acolhimento aconteceram de março de 2022 a outubro de 2023,
sendo realizada uma visita por semana, com duração de uma hora, em cada
instituição. O estudo problematizou como as práticas discursivas e não discursivas
fabricam as subjetividades de crianças e jovens institucionalizados em situação de
acolhimento. O produto final da pesquisa foi sistematizado no formato de três artigos
autônomos, cada um com seus respectivos objetivos: o primeiro deles buscou analisar
as reconfigurações sócio-históricas das instituições de acolhimento na sociedade
brasileira e problematizar o fenômeno da adoção tardia; o segundo artigo analisou a
atuação do futebol na produção das subjetividades dos sujeitos acolhidos; e o terceiro
e último artigo teve como objetivo problematizar a produção da subjetividade de dois
jovens transgêneros em situação de acolhimento institucional. A pesquisa concluiu
que as subjetividades das crianças e jovens em situação de acolhimento são
produzidas por práticas discursivas e não discursivas presentes no corpo social.
Assim, o futebol, o lazer, a escola e os discursos de corpo, gênero e sexualidade são
marcas constituintes das subjetividades dos jovens institucionalizados. Eles também
são atravessados e constituídos por singularidades de sua condição de sujeitos
excluídos e institucionalizados em casas de acolhimento, como é o caso dos discursos
e das práticas de adoção e da adoção tardia.

