“E aí, o negro virou museu?” Representações sobre o negro nas exposições do Museu Municipal Parque da Baronesa (Pelotas-RS)
Resumo
O presente trabalho tem por objetivo mapear e analisar as ausências e presenças do negro dentro do Museu da Baronesa (Pelotas/RS) no transcorrer do tempo e a relação dessa realidade com a forma como se estruturam as relações étnico-raciais na cidade. Com embasamento teórico nas discussões sobre antropologia e museus e antropologia das diásporas negras, o trabalho busca uma abordagem etnográfica dos embates em torno da melhor forma de representar essa presença negra, as materialidades escolhidas para isso e seus significados para alguns segmentos negros de Pelotas e região. Procura-se reconstruir o que foi selecionado como significativo na ocasião de constituição do Museu, as materialidades suprimidas nesse processo e o que isso significa em relação às tentativas de invisibilizar a presença negra na Chácara da Baronesa e na cidade. A análise avança para a gestão que assumiu a administração do Museu entre os anos 2001-2004, quando se busca inserir, de forma mais significativa, narrativas sobre a presença negra na cidade, os projetos e embates vivenciados nesse período e o investimento coletivo no Tambor de Sopapo como símbolo representativo da negritude afro-gaúcha. Finalmente, passa-se a uma detalhada exposição sobre a reinserção da temática negra no Museu, a partir do ano de 2014, quando o Tambor de Sopapo emerge como um objeto representativo dessa presença, por ser articulador de redes entre vários atores e organizações, que transcendem, inclusive, o próprio estado do Rio Grande do Sul.