Potencial de acidificação e de neutralização em materiais geológicos da jazida de carvão de Candiota, sul do Brasil
Fecha
2018-08-31Metadatos
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Em Candiota (RS) a mineração de carvão é realizada à céu aberto em tiras pela Companhia Riograndense de Mineração (CRM). Nesta, são retiradas o solo e as camadas geológicas situadas acima das camadas de carvão. A recomposição topográfica é feita recolocando as camadas geológicas na cava aberta quando da escavação da próxima tira; após, as pilhas de estéril são reconformadas e sobre a superfície nivelada é colocada a camada de solo superficial (“topsoil”), compondo um solo “construído”. A pirita, encontrada no carvão e em rochas associadas, fazendo parte do solo construído, ao entrar em contato com o ar e água, reage rapidamente, formando ácido sulfúrico, desencadeando a acidificação do solo e das águas e a solubilização de metais, processo conhecido como drenagem ácida de mina (DAM). Este trabalho teve por objetivo estimar a provável composição do solo construído e a predisposição desse em gerar DAM através da caracterização química dos materiais da coluna geológica e da estimativa do potencial que eles possuem para liberar acidez nos solos e águas superficiais e subsuperficiais na área pós-minerada, permitindo um melhor planejamento do controle ambiental das áreas que virão a ser mineradas na mina de carvão do município de Candiota (RS). Foram selecionados seis furos de sondagem e amostradas as principais litologias que irão compor o perfil de solo construído (camada de “topsoil” e estéril). Os materiais foram triturados e tratados como “solo”, sendo realizada a caracterização básica do complexo trocável, determinando-se os atributos pH em H2O, pH em CaCl2, cátions básicos (Ca, Mg, K, Na), Al e acidez potencial (H + Al). O potencial de acidificação (PA) e neutralização (PN) dos materiais geológicos foram estimados utilizando o método do peróxido de hidrogênio adaptado para determinação do PN. Os dados da composição química do complexo trocável desses materiais indicam que praticamente todas as camadas de carvão irão fornecer às camadas de estéril do solo construído uma reação fortemente ácida. Isso é relevante pois camadas não exploradas de carvão, em função da menor espessura e continuidade, com as do BL (Banco Louco), são frequentemente incorporadas aos materiais do estéril. Nas minerações futuras, se o mesmo tipo de ação for realizada com as camadas de carvão S2, S3, S4 e S5, os problemas de acidificação poderão se amplificar. Além disso, algumas camadas de folhelho carbonoso e de arenito acima do carvão BL também apresentam reação ácida, o que significa que mesmo explorando todos os carvões, a reação ácida no estéril pode persistir. Por outro lado, outras camadas apresentam reação alcalina, podendo neutralizar parte dessa acidez. A estimativa dos potenciais de acidificação e de neutralização desses materiais permitem prever o balanço do processo e a tendência de evolução do sistema em função das decisões tomadas em relação às camadas de carvão que serão mineradas e a disposição controlada ou não controlada dos materiais geológicos que irão compor o perfil do solo construído.