Repercussões neurológicas, respiratórias e musculoesqueléticas em sobreviventes da COVID-19 tratados em UTIs da cidade de Pelotas/RS
Resumen
A presente tese teve como objetivo descrever as características dos sobreviventes da COVID-19 tratados em UTI, quanto ao seu nível de atividade física, hábitos de vida e condição de saúde de 9 a 12 meses após a alta hospitalar. Foi realizado um estudo prévio para determinar a taxa de descontinuação da ventilação mecânica em pacientes com COVID-19 tratados em unidades de terapia intensiva de três hospitais. Os prontuários de 270 pacientes com COVID-19 foram examinados para coletar informações sobre datas de intubação e extubação, parâmetros de ventilação mecânica utilizados, bem como dados de saúde prévios à internação. Foram calculados tempo de permanência em UTI e em VM, mortalidade em UTI, uso de pressão expiratória positiva no final da expiração (PEEP) ≥ 10CmH2O, posicionamento em prona e realização de hemodiálise. Foram encontrados dados de 258 pacientes, sendo a maioria do sexo masculino (56,20%), com média de idade de 62,31 ± 14,51 anos. As internações duraram em média 13,30 ± 10,12 dias e a VM foi mantida por, em média, 11,28 ± 8,91 dias. A taxa de mortalidade encontrada foi de 84,11% e 16,28% dos pacientes tiveram a descontinuação da VM bem-sucedida. Com o projeto de tese, a intenção foi alcançar uma população representativa da observada no primeiro estudo. Dois dos hospitais forneceram listas com os contatos dos pacientes tratados em UTIs dedicadas à COVID-19 e triados os pacientes elegíveis à participação na pesquisa. Os critérios de elegibilidade foram idade ≥ 18 anos, ter tido diagnóstico confirmado de COVID-19, ter sido tratado em UTI para a doença e ter recebido alta hospitalar até 12 meses antes do início da coleta de dados. Após tentativas de comunicação com os pacientes elegíveis, aceitaram participar do estudo dezesseis pessoas, 8 de cada sexo, com média de idade de 58,38 (±16,89). No período estudado, 15 apresentavam limitações funcionais de muito leves a moderadas, 8 referiam sintomas como dores e cansaço e quatro apresentaram déficit cognitivo não-demência de acordo com nível de escolaridade. Quatro participantes (25%) praticavam atividade física por 150 minutos semanais ou mais. A FPM de todas as mulheres e de 50% dos homens foi menor do que o esperado. No 1STST, os participantes se localizaram entre os percentis abaixo de 2,5 até 25, e o PFE também foi menor do que o predito para 50% dos participantes de ambos os sexos. Concluise que, após a instituição de suporte ventilatório invasivo, pequena parcela dos pacientes com COVID-19 sobrevive sem suporte pressórico, uma taxa de mortalidade é alta, e os sobreviventes apresentam baixo nível de AF e podem permanecer com déficits funcionais e cognitivos por períodos prolongados.