Determinação de flúor total em folhas de chás in natura, infusões e resíduos: explorando a mobilização elementar e caracterização da composição centesimal
Abstract
Este estudo teve como objetivo desenvolver um método para a determinação de flúor em plantas medicinais, infusões e resíduos sólidos resultantes do processo de infusão. Inicialmente, as amostras foram caracterizadas quanto à sua composição centesimal, e a combustão iniciada por micro-ondas foi avaliada como método de preparo para as plantas in natura, suas infusões e resíduos remanescentes. As condições instrumentais foram otimizadas para a determinação de flúor, avaliando técnicas com diferentes princípios de detecção, como a potenciometria com eletrodo íon-seletivo (ISE) e a cromatografia de íons (IC). O método proposto foi validado e aplicado para determinar a concentração e a distribuição do flúor nas frações oriundas das plantas medicinais analisadas. Dentre as condições otimizadas, a solução absorvedora de NH4OH 100 mmol L-1 foi a mais eficaz para absorção de flúor após decomposição da amostra por MIC. Amostras sólidas foram preparadas na forma de comprimidos, com uma massa otimizada de 600 mg. Para o preparo das infusões por MIC, utilizaram-se invólucros com celulose microcristalina como auxiliar de combustão (300 μL de infusão, 400 mg de celulose e 100 μL de solução ignitora – NH4NO3 6 mol L-1). As concentrações de flúor nas infusões de chá foram quantificadas diretamente em três das nove amostras analisadas: chá preto (224 mg kg-1), camomila (39 mg kg-1) e erva-doce (15 mg kg-1). Dentre essas, apenas o chá preto apresentou concentrações detectáveis de flúor em todas as frações, com 421 mg kg-1 no chá in natura e 155 mg kg-1 no resíduo pós-infusão. A análise direta da infusão foi consistente com as concentrações totais de flúor na infusão após preparo por MIC, demonstrando que o flúor presente na infusão está na forma de fluoreto. O método proposto permitiu a quantificação efetiva do flúor total em amostras de chá e suas frações, combinando a MIC para preparo da amostra e a IC como técnica de determinação. Para os três chás, preto, camomila e erva-doce, com flúor detectável, os valores de ingestão diária crônica (CDI) foram de 0,064, 0,011 e 0,004 mg/kg/dia, respectivamente. Os valores de quociente de risco alvo (THQ) foram de 1,07, 0,18 e 0,07, respectivamente, com valores acima de 1 indicando um risco potencial à saúde, o que foi observado em específico no chá preto. Esses resultados ressaltam a importância do monitoramento dos níveis de flúor no chá para garantir a segurança do consumidor.