Atribuição causal de saúde bucal de crianças atendidas na Faculdade de Odontologia – UFPel na visão dos pais
Resumo
A saúde bucal na infância é determinada por fatores biológicos, comportamentais, sociais e psicológicos. Estudos relatam a influência de fatores psicossociais dos pais nos desfechos em saúde bucal de seus filhos. A atribuição causal é um modelo psicológico que busca avaliar como são percebidas as causas e atribuições para diversas condições de saúde, sendo possível a partir disso, avaliar a percepção de causa e controle que o indivíduo tem sobre resultados em saúde, o que influencia na motivação e adoção de comportamentos saudáveis. Portanto, o presente estudo descreveu a internalidade e controle das causas atribuídas pelos pais à saúde bucal dos seus filhos de até 6 anos de idade atendidos nas clínicas da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas. Estudo descritivo transversal. Os dados foram coletados através de um
questionário estruturado. Foram obtidos dados sociodemográficos dos pais e da criança. Participaram do estudo 176 pais de crianças de até 6 anos de idade atendidas entre maio e outubro de 2024. A maioria dos participantes era mães (88,6%), solteiras (62,9%), de idade entre 30 e 40 anos (40,9%), de cor de pele branca (58%), e com escolaridade entre 9 e 12 anos de estudo (40,6%). A maioria dos pais classificou a saúde bucal dos seus filhos como muito boa e boa (54,5%). Quanto ao desfecho do estudo, causa atribuida, a maioria dos pais foram classificados como causa interna e incontrolável (52,7%). Os resultados
evidenciam que o pai ou mãe não se percebe como capaz de controlar o processo saúde e doença relacionado à saúde bucal do seu filho. Embora reconheçam o seu papel na adoção de comportamentos saudáveis na infância e na prevenção dos problemas de saúde bucal, especialmente da cárie dentária, encontram desafios para na implementação dessas praticas. Além disso, os pais acreditam que outros fatores, incluindo a própria criança, também influenciam o controle do processo saúde doença. Diante dos resultados do estudo, sugere-se a adoção de técnicas educativas coletivas voltadas para os pais, juntamente com orientações individuais nas clínicas de atendimento odontopediátrico para que se busque meios de que, além da transmissão do conhecimento, sejam identificadas formas de superar de barreiras na implementação de práticas que melhorem os aspectos
relacionados à alimentação e higienização bucal na infância, considerando desafios diários relativos à vida urbana, frequentemente mencionados pelos pais