As Áfricas no sistema-mundo contemporâneo entre Washington, Moscou e Pequim (1945-2022)

Abstract

Na proposta de uma travessia histórica e historiográfica acerca dos rumos da África contemporânea, este estudo propõe uma análise relativamente atualizada acerca do quadro geopolítico e geoeconômico envolvendo o continente negro nas últimas décadas, considerando a sua respectiva relevância histórica no contexto das transformações operadas no sistema mundial. Nesse sentido, As Áfricas no Sistema-Mundo Contemporâneo: Entre Washington, Moscou e Pequim (1945-2022) se soma a outros esforços da academia brasileira que, a partir de produções próprias ou de movimentos de tradução de obras consagradas, buscaram pensar os diferentes desafios de inserção contemporânea dos países africanos nas principais dinâmicas que envolvem a política internacional desde as lutas pelas independências. Nesse sentido, os escritos que se seguem são produto de uma complexa interação entre curiosidade, identidade e manifestação, envolvendo diretamente o sentimento de um historiador negro que, no exercício de sua profissão, reconhece os meus e (talvez) os seus limites de conhecimento sobre o continente negro, mas visa a mergulhar em uma trajetória tão rica e complexa. Como um exercício de redescoberta, As Áfricas no Sistema-Mundo Contemporâneo: entre Washington, Moscou e Pequim (1945-2022) analisa as interações entre os mais diferentes atores que compõem a vizinhança no Atlântico e as dinâmicas da política e da economia internacional nos últimos 70 anos. Estabelecendo pontes entre o presente e o passado, avaliam-se as diferentes características no relacionamento dos Estados africanos frente a atores de diferentes estaturas na política global. Considerando a existência de um multifacetado quadro de competição estratégica, propõe-se, a partir de uma perspectiva histórica, um olhar acerca da existência de um processo de transição nas relações internacionais africanas ao longo das últimas duas décadas, marcando certa superação de sua posição relativamente secundária no quadro das transformações globais com o fim da Guerra Fria. Quais os limites e as possibilidades de diversificação das relações externas por parte dos atores africanos no atual contexto? Que papel cumpre o continente negro no quadro do acirramento dos conflitos geopolíticos e geoeconômicos que protagonizam a crise sistêmica? O que representa essa nova fase nas relações internacionais africanas do ponto de vista das oscilações registradas em seu processo de inserção contemporânea no sistema mundial? Essas são algumas das principais questões que nortearam a produção deste estudo.