A tríade do “tempo presente” em Agostinho de Hipona

Abstract

A pesquisa teve como objetivo principal o estudo do pensamento filosófico de Agostinho de Hipona (354-7430) sobre a metafísica do tempo, sobretudo, em sua concepção triádica do “tempo presente” desenvolvida no Livro XI das Confessiones (397-401). Em segundo plano, o alvo foi avaliar a progressão conceitual da interrelação entre tempo e mente (mens) desenvolvida nos escritos filosóficos. A investigação ainda demonstrará a possível originalidade de Agostinho no campo da metafísica através da proposição de uma teoria subjetiva do tempo. Quid est enim tempus? (Que é, pois, o tempo?). Quid est ergo tempus?” (O que é, por conseguinte, o tempo?). Este duplo questionamento agostiniano deveras não é sem sentido. A primeira proposição almeja tratar sobre a essência ontológica do tempo; a segunda, busca desenvolver as suas percepções sobre a natureza do tempo dentro do complexo construto existencial da criatura humana enquanto imago Dei. Nesta hábil investigação intelectual – que RUSSELL (1969, p. 54) designa de “filosofia pura” –, Agostinho propõe com grande meticulosidade dialética que, ainda que se possa aceitar a noção clássica de que há tipos distintos de tempo, não se deve considerar que existam apenas os conceitos de passado como tempo ‘longo’ e futuro como tempo ‘breve’. Aprofunda a questão inquirindo a partir do modo como ambos existem de acordo com a necessidade de terem de passar.