dc.description.abstract | Em sua autobiografia filosófica Friedrich Nietzsche termina escrevendo categoricamente “— Fui compreendido? — Dionísio contra o Crucificado... ”(EH, Por que sou um destino 9, 2001). A figura de Dionísio aparece elencada como a ferrenha figura de ascendência contra aquilo que o autor havia tanto criticado, o cristianismo. Dionísio como a síntese de todos seus escritos. O que nos coloca a pensar, Nietzsche é alguém que está inscrito no crescimento do ateísmo entre os intelectuais alemães do século XIX, entretanto ele ainda incorpora no debate uma figura divina como molde mais geral de sua filosofia. Desde o início da trajetória filosófica do autor, Dionísio aparece como o deus da desmedida, da natureza em sua forma mais transformadora, o devir, um forma de valorização da vida. Dessa forma, Nietzsche não constrói sua crítica ao cristianismo como uma mera negação da religião e do divino, mas sim da religiosidade carregada de uma noção transcendente da vida, que leva confabulações ilusórias de uma moralidade normativa em referências a uma axiologia de um além. Dessa forma Renato Nunes Bittencourt (2009) coloca que “Nietzsche estabelece uma violenta oposição contra as perspectivas religiosas que estabelecem suas valorações na ordem cultural da sociedade através da instauração de sistemas morais marcadamente normativos e coercitivos”. Porém Nietzsche não é só crítico ferrenho da religiosidade com princípios metafísicos mas é crítico ferrenho de toda metafísica, pois segundo ele, foi através dela que se negou o “aparentemente pequeno”, isto é, negou-se a natureza e a vida. | pt_BR |