Representações sociais de homens autores de violência sobre ser homem e ser mulher

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Data
2024-07-25Autor
Lemos, Duilia Sedrês Carvalho
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A violência faz parte das construções da sociedade e atinge a todos (as) que a
vivenciam tanto diretamente como enquanto espectadores. As atitudes de violência
podem apresentar-se de várias formas: negligência, desprezo, violência física, sexual,
psicológica e originalmente não é um problema de saúde, mas, torna-se por gerar
danos importantes à construção dos sujeitos. A violência contra mulheres é considera
como um problema de saúde pública, por apresentar alta prevalência e por seus
efeitos atingirem a todas as envolvidas e ao contexto na qual estão inseridas. Os
homens autores de violência fazem parte desse problema e inúmeros trabalhos tem
mostrado a necessidade de aprofundar os estudos sobre esses homens no intuito de
pensar estratégias no trabalho da violência contra mulher. Compreender a construção
social destes homens, de suas masculinidades e da forma como expressam suas
percepções torna-se fundamental para nos apontar caminhos para desarticular e
diminuir os impactos devastadores da violência doméstica. Para estudo desse
fenômeno optou-se pela utilização da Teoria das Representações Sociais na
perspectiva da abordagem processual com o objetivo de apreender as representações
sociais de HAV do que é ser homem, ser mulher e sobre violência. Além de aproximar se de como essas representações influenciam na manutenção das atitudes violentas
praticadas por esses homens. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em uma
cidade do Sul do Rio Grande do Sul com homens autores de violência que concluíram
a participação em grupos reflexivos. Utilizou-se entrevista semiestruturada e o diário
de campo como técnicas de coleta e os dados foram analisados a partir de Bardin. Os
dados foram coletados em dois momentos (agosto/19 e janeiro/24) e o projeto foi
autorizado pelo comitê de ética pelo parecer nº6.585.773. Como principais resultados
encontrou-se: a maior parte dos homens continuam com as companheiras, utilizaram
ou utilizam substâncias psicoativas (álcool e maconha), possuem baixa escolaridade
e vivenciaram alguma forma de violência na sua infância. Como ser homem os
participantes representam que ser homem é prover, cuidar/ controlar. Ser mulher é
ser mãe, ser disponível e não incomodar. Além destes, os homens autores de
violência justificam suas práticas de violência pelas atitudes das mulheres e possuem
expectativas polarizadas sobre os comportamentos das companheiras. Conclui-se
dessa forma que o estudo foi capaz de atender aos objetivos iniciais e apresentar
componentes que podem auxiliar na capacitação de profissionais no trabalho em
comunidades e grupos específicos de homens autores ou não de violência.