Novas abordagens para o controle do ciclo estral e ovulação de fêmeas ovinas
Abstract
A eficiência reprodutiva dos rebanhos ovinos e a rentabilidade são muito beneficiadas
pela utilização de biotécnicas da reprodução assistida, como exemplo dos tratamentos
para o controle do ciclo estral e a inseminação artificial em tempo fixo (IATF). No
primeiro estudo objetivou-se revisar e discutir os principais aspectos dos protocolos
para controle do ciclo estral e suas atualizações. Com base nessa revisão, observouse grande variedade de tratamentos para indução e sincronização do estro, sendo que
até o momento os protocolos baseados em progestágenos e gonadotrofina coriônica
equina (eCG) são os que possibilitam melhores resultados. O segundo estudo, teve
como objetivo revisar a utilização da dupla inseminação artificial (dupla IA), pela via
cervical superficial, tanto após a detecção do estro, como em tempo fixo. Observouse que os resultados apresentados na literatura após a dupla IA são contraditórios.
Além disso, a maioria dos estudos não condizem com os protocolos de sincronização
do estro e doses inseminantes atuais, além de utilizarem sêmen congelado pela via
cervical superficial, a qual não é considerada adequada. Conclui-se que novos
estudos são necessários para avaliar o potencial benefício da dupla IATF nos
programas de IA utilizados atualmente. Os objetivos do terceiro estudo foram avaliar
o efeito da dupla inseminação artificial em tempo fixo, a eficácia da dose de 125 µg de
cloprostenol para induzir a luteólise e determinar a curva de disponibilidade de
gonadotrofina coriônica humana (hCG) após aplicação por via intramuscular (i.m.). No
Exp. 1, ovelhas receberam dispositivos intravaginais (DIV), contendo acetato de
medroxiprogesterona (60 mg) durante 7 dias, na remoção do dispositivo foram
administrados eCG (300 UI) e prostaglandina (PGF; 250 µg). Todas as ovelhas foram
inseminadas 54 h após a retirada do DIV, com utilização de sêmen fresco (100 x 106
espermatozoides/dose), pela via cervical superficial, juntamente com a aplicação de 4
µg de buserelina. Nesse momento, as fêmeas foram alocadas em dois grupos:
controle (n=127) e 2IA (n=128). O grupo 2IA foi inseminado novamente 14 h após a
primeira IATF. No Exp. 2, ovelhas receberam DIV por 6 dias, sendo que na remoção
o grupo PGF 125 (n=41) e o grupo PGF 250 (n=40), receberam 125 e 250µg de
cloprostenol i.m., respectivamente. Após, as fêmeas foram expostas a monta natural.
No Exp. 3, ovelhas (n=5/grupo) foram tratadas com 100 (hCG100), 250 (hCG250) ou
500 UI de hCG i.m. (hCG500), no momento da retirada do DIV, que permaneceu
durante 14 dias. Amostras de sangue foram coletadas 0, 6, 12, 24, 36 e 48 h após a
aplicação. No Exp. 1, observou-se que a dupla IATF possibilitou incremento na taxa
de prenhez de 12 pontos percentuais, em relação a IA única (P=0,04). No Exp. 2, as
doses de 125 e 250 µg de cloprostenol não diferiram quanto a taxas de expressão do
estro (81 e 65%, P=0,12), taxa de concepção (67 e 69%, P=0,83) e taxa de prenhez (54 e 45%, P=0,39). No Exp. 3, as três doses de hCG apresentaram pico plasmático
6 h após o tratamento, sendo que foi possível detectar níveis séricos de hCG durante
todos os momentos avaliados. Conclui-se que a dupla IATF possibilita incremento
significativo na taxa de prenhez, porém, o custo-benefício dessa abordagem deve ser
avaliado em cada situação, considerando a necessidade de mão de obra. A eficácia
similar das duas doses de cloprostenol avaliadas possibilita a redução de custo e de
volume a ser administrado nos animais. Finalmente, as curvas de hCG observadas
podem auxiliar na definição de doses a serem utilizadas nos estudos avaliando o
potencial uso dessa gonadotrofina para indução do crescimento folicular final ou da
ovulação.