Desempenho físico: mudanças e associação com parâmetros de saúde em até seis anos entre idosos de uma coorte do sul do Brasil
Fecha
2023-08-07Autor
Gomes, Darlise Rodrigues dos Passos
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O declínio no desempenho físico (DF) vem sendo associado a desfechos
adversos em saúde entre idosos. Porém, são escassos os estudos
longitudinais que avaliam múltiplos desfechos, como a autopercepção
negativa em saúde (ANS), elevado número de consultas de saúde,
incapacidade física, quedas e hospitalizações. Assim, a presente tese teve
como objetivos descrever as mudanças no DF avaliado por diferentes
critérios e os seus respectivos fatores associados, além da relação entre
baixo DF e a ocorrência de cinco desfechos em saúde observados, em até
seis anos de acompanhamento, entre 1451 idosos comunitários, residentes
na zona urbana do município de Pelotas/RS, incluídos em um estudo
transversal de base populacional realizado em 2014 (baseline) – “COMO
VAI?” – e reavaliados em 2019-20 no estudo longitudinal. O DF foi avaliado
nos dois períodos através dos testes Velocidade de Marcha (VM) e Timed
Up and Go (TUG). A autopercepção em saúde, número de consultas de
saúde, ocorrência de quedas e de hospitalizações foram obtidas mediante
relato dos idosos no acompanhamento de 2019-20, enquanto a incapacidade
física foi medida utilizando-se a escala proposta por Katz. As associações
entre a mudança na VM e no TUG (2014 para 2019-20) e as variáveis de
interesse foram obtidas por meio de modelos lineares mistos, ajustando-se
para fatores de confusão. A associação entre o baixo DF e a ocorrência dos
desfechos em saúde foi avaliada por regressão de Poisson com variância
robusta. Apresentaram informações de DF nos dois momentos 478 idosos.
Aproximadamente 68% dos participantes apresentaram declínio na VM e no
TUG; enquanto 20% não tiveram alteração significativa na VM e 9% no
tempo do TUG (DF estável); e 12% e 23% melhoraram o DF a partir da VM
e do TUG, respectivamente. Estiveram associados à diminuição da VM o
sexo masculino, viver sem companheiro/separado, ter ensino superior e ter
consumido álcool no último mês, enquanto idade avançada, baixo nível
socioeconômico, inatividade física e excesso de peso estiveram associados
à piora no DF a partir do TUG. Os resultados dos testes físicos não se
associaram com a ANS e com o número de consultas com profissionais de
saúde. Entretanto, apresentar baixo DF na baseline (VM e TUG) foi
associado à incapacidade física em 2019-20. O baixo DF no TUG em 2014
foi associado à ocorrência de quedas subsequentes (RP=1,57, IC95% 1,13;
2,18). Já declínio na VM foi associado à hospitalização (RP=1,86, IC95%
1,05; 3,31). Este estudo mostrou que a maioria dos participantes apresentou
declínio no DF e os fatores mais fortemente associados não são modificáveis
(sexo e idade). Além disso, o baixo DF foi associado a incapacidade física,
quedas e hospitalização em até seis anos. Assim, avaliações consecutivas
do DF devem sinalizar medidas preventivas dirigidas ao idoso, prevenindo a
incidência de desfechos adversos em saúde.