Mudança na força muscular de idosos não institucionalizados do sul do Brasil em um período de até seis anos
Abstract
A perda de força muscular ou dinapenia tem diversas consequências negativas para
a saúde do idoso, bem como piora na qualidade de vida. A força muscular não só é
um importante componente da saúde e performance física, como também é
fundamental para a realização das atividades da vida diária, considerada como um
indicador de saúde geral. O objetivo deste trabalho foi avaliar a mudança na força
muscular de idosos não institucionalizados residentes na cidade de Pelotas/RS em
um período de até seis anos, bem como avaliar a mudança na ocorrência de dinapenia
entre os participantes e, identificar potenciais fatores associados. Trata-se de um
estudo observacional, com delineamento longitudinal, realizado no sul do Brasil, com
participantes do estudo “COMO VAI?” – Consórcio de Mestrado Orientado para
Valorização da Atenção ao Idoso. Foram utilizados dados coletados na linha de base
em 2014 e no acompanhamento de 2019/20. A força muscular foi avaliada em ambas
as visitas utilizando o dinamômetro manual digital Jamar®. Foram realizadas seis
medições alternadas, três em cada mão, sendo utilizada a maior medida de força de
preensão manual. A dinapenia foi avaliada conforme os pontos de corte de <29,7 kg
para homens e <16,2 kg para mulheres, considerando os valores abaixo de -2,5
desvios-padrão da média da população jovem local, conforme recomendação do
segundo consenso do European Working Group on Sarcopenia in Older People
(EWGSOP2). Foram realizadas análises descritivas da amostra e, para avaliar a
mudança entre os períodos e os fatores associados à mudança da força muscular,
foram utilizados modelos lineares e logísticos mistos e ajustados, levando em
consideração a repetição de medidas de desfecho. Um total de 483 idosos
completaram os testes de força de preensão palmar em ambas as visitas. Nos
homens, a força muscular diminuiu de 38,2 kg em 2014 para 35,9 kg em 2019-20,
enquanto nas mulheres diminuiu de 23,5 kg para 22,1 kg. A idade avançada (p=0,003),
a cor da pele preta, parda ou amarela (p=0,005), o nível socioeconômico intermediário
(p=0,021) e a escolaridade <8 anos (p<0,001) estiveram associados a maiores
diminuições da força muscular. A prevalência de dinapenia aumentou de 17,8% em
2014 para 24,0% em 2019-20 nos homens e de 11,3% para 17,5% nas mulheres. As
mudanças na dinapenia não diferiram entre os subgrupos das variáveis estudadas.
Como esperado, nosso estudo mostrou declínio da força muscular e aumento da
prevalência de dinapenia em um período de até seis anos. Nossos achados sugerem
que a variação da força muscular ao longo do tempo esteve fortemente associada a
fatores socioeconômicos e demográficos. Tais dados serão úteis no desenvolvimento
de políticas públicas e programas de saúde que visem à manutenção da força
muscular nessa fase da vida. Neste volume de dissertação consta o projeto de
pesquisa, seguido do relatório do trabalho de campo, as modificações realizadas no
projeto de pesquisa, o artigo original e as normas da revista The Journals of
Gerontology: Series A - Oxford Academic, para qual o artigo será submetido.