Análise cinemática do passo, trote e canter e das manobras de esbarrada e volta sobre patas de cavalos da raça Crioula

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Data
2024-03-18Autor
Pizzi , Gino Luigi Bonilla Lemos
Metadata
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A raça Crioula tem crescido em importância no cenário equestre brasileiro e sul
americano, mostrando uma clara evolução nas competições que buscam
premiar o cavalo que combina forma e função com alta eficiência no manejo dos
rebanhos de gado nas criações extensivas. Avaliações morfológicas e
biomecânicas são cruciais para compreender a eficiência atlética e
funcionalidade em diversas disciplinas equestres. A raça tem destaque no Freio
de Ouro, sendo o marco da apreciação tanto da morfologia quanto do
desempenho funcional. No entanto, estudos biomecânicos detalhados,
especialmente sobre cinemática, são escassos nessa disciplina. Dentro desse
contexto, o presente estudo objetivou preencher essa lacuna, analisando a
cinemática dinâmica das andaduras e manobras de equinos Crioulos
competidores no Freio de Ouro. A análise cinemática foi realizada em 35 cavalos
da raça Crioula, em treinamento e competição na modalidade equestre Freio de
Ouro. Foram posicionados 30 marcadores retrorrefletivos nas protuberâncias
ósseas dos segmentos apendiculares e na face axial dos animais. Foram obtidos
vídeos em câmera lenta do passo, trote e canter e das manobras de esbarrada
e volta sobre patas de ambos os lados direito e esquerdo. Utilizando o software
Quintic Biomechanics v33 foram mensurados valores quantitativos de variáveis
lineares, temporais e angulares de cada movimento. Para as variáveis foram
obtidos o valor médio e o desvio padrão entre os lados direito e esquerdo. Na
manobra de esbarrada foi realizada análise de regressão entre os ângulos
estáticos, previamente medidos, e os valores de protração dos membros
torácicos e pélvicos. A significância foi estabelecida em p ≤ 0,05. Nas andaduras,
dentre os principais resultados, o passo obteve comprimento de passada de 1,61
± 0,14m, com duração de 0,90 ± 0,04s e velocidade de 1,79 ± 0,13m/s; já para
o trote, o comprimento da passada foi de 2,30 ± 0,23m, a duração da passada
foi 0,60 ± 0,03s e a velocidade foi de 3,82 ± 0,43m/s; por fim, o canter obteve
comprimento da passada, duração da passada e velocidade nos membros guia
de 2,86 ± 0,29m, 0,51 ± 0,03s e 5,61 ± 0,64m/s e de apoio de 2,68 ± 0,25m, 0,51
± 0,02s e 5,28 ± 0,56m/s, respectivamente. Nas manobras, a esbarrada exibiu
comprimento de 4,28 ± 0,99m durante 1,15 ± 0,11s e velocidade de 3,77 ±
0,55m/s. Não houve regressão entre ângulos estáticos e protração torácica e
pélvica (p > 0,05). Já para a volta sobre patas o tempo no momento 1 foi de 9,20
± 1,43s, com suspensão torácica de 0,81 ± 0,33s e no momento 2 ambos os
valores foram de 9,23 ± 1,88s e 0,83 ± 0,34s, respectivamente. Além disso, os
tempos estabelecidos diferiram nos dois momentos (M1, p = 0,023; M2, p <
0,001), assim como o tempo de suspensão simultânea dos membros torácicos
(p = 0,013 e 0,023, respectivamente). Este estudo apresenta uma nova
abordagem metodológica para análise cinemática das andaduras e manobras de
esbarrada e volta sobre patas em cavalos da raça Crioula competidores no Freio
de Ouro, bem como para movimentos homólogos. A goniometria estática não se
correlaciona com os ângulos de protração dos membros torácicos e pélvicos
durante a colisão. Na manobra de volta sobre patas, a segunda série de giros
dura mais tempo, com maior suspensão de ambos os membros torácicos,
refletindo práticas de nível competitivo nesta disciplina equestre através da
determinação de valores baseados em videografia a partir de padrões reais de
movimento.