Governamentalidade democrática e cidadania sacrificial: reflexões sobre a presença da sociologia na educação básica

Abstract

O presente trabalho expõe discussões realizadas a partir de uma pesquisa em andamento, intitulada “Docências nos currículos dos cursos de Licenciatura em Ciências Sociais de universidades públicas do Rio Grande do Sul”. Esta pesquisa é financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – Código de Financiamento 001 e está vinculada à linha de pesquisa "Currículo, Políticas Educacionais, Profissionalização e Trabalho Docente" do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas (PPGE/UFPel). O estudo em questão investiga quais concepções e sentidos de docência têm sido estimulados pelos currículos dos cursos presenciais de Licenciatura em Ciências Sociais em instituições públicas do Rio Grande do Sul. No contexto analítico da pesquisa, os cursos de Licenciatura em Ciências Sociais são vistos como dispositivos discursivos de poder que visam produzir subjetividades no processo de formação docente. Estes cursos estabelecem os conhecimentos e práticas considerados essenciais para a atuação dos/as professores/as de Ciências Sociais, conferindo legitimidade a uma forma específica de conhecimento e às práticas pedagógicas voltadas para a formação docente. Neste resumo expandido, problematizam-se as condições de continuidade e descontinuidade da obrigatoriedade da Sociologia na Educação Básica no Brasil, observando seu caráter de obrigatoriedade com a implementação da Lei nº 11.684/2008 e, subsequentemente, a flexibilização da sua oferta em 2017 pela Lei nº 13.415/2017, que instituiu a Reforma do Ensino Médio. Destaca-se a relevância desta discussão como desdobramento da pesquisa anteriormente mencionada, pois a intermitência da disciplina, além de apontar deslocamento da noção de cidadania e de uma governamentalidade democrática, implica diretamente no campo de atuação profissional dos/as egressos/as dos cursos investigados.