A biopolítica como a política da vida e da vitalidade humana : aproximações, discrepâncias, comensurabilidades e avanços conceituais nas propostas de Michel Foucault e Nikolas Rose
Abstract
A presente Dissertação de Mestrado busca analisar a noção de biopolítica tal como conceituada, na década de 1970, pelo filósofo francês Michel Foucault e, na primeira década do século XXI, pelo sociólogo inglês Nikolas Rose. Ambas as abordagens guardam características próprias. A biopolítica teorizada por Michel Foucault refere-se a entrada da vida nas estratégias políticas dos Estados, o que se deu entre os séculos XVII e XVIII, quando o poder soberano assume o papel de gerenciar a vida e a vitalidade do homem-espécie, objetivando, sobretudo, aumentar o nível de saúde da população. A concepção de biopolítica formulada por Nikolas Rose diz respeito à política da vida que tomou forma nas últimas três décadas. Ela não está delimitada pelos polos da saúde e da doença, está preocupada com a otimização da vitalidade humana e é posta em prática pelos próprios atores sociais em conjunto com autoridades médicas. Além disso, a biopolítica do século XXI está relacionada à formação de relações sociais a partir de status somáticos partilhados. Essa pesquisa busca, através da Análise de Conteúdo, identificar as aproximações, discrepâncias e avanços com relação a esses conceitos de um e de outro autor, possibilitando-nos traçar um paralelo entre a biopolítica definida por ambos os autores. Os resultados apontam para a coexistência e a complementaridades específicas entre as duas noções de biopolítica.