Estudo sobre as alterações comportamentais em cães durante o período de isolamento social pela pandemia de Covid – 19 e o estado cognitivo de cães idosos
Abstract
Cada vez mais os cães são considerados membros da família e mais próximos dos
seus tutores. Esses fatores, aliados aos avanços na medicina veterinária contribuem
para o aumento da expectativa de vida canina. Assim, vivenciando alterações
fisiológicas e comportamentais compatíveis com o envelhecimento, entre elas, a
disfunção cognitiva canina. Dessa forma, o objetivo geral deste estudo foi identificar
alterações comportamentais durante o período de isolamento social causado pelo
Covid-19 e o estado cognitivo dos cães idosos. Portanto, os objetivos específicos
deste estudo foram: a) Identificar as alterações comportamentais em cães de várias
faixas etárias e a relação com seus tutores durante o isolamento social no período de
pandemia de Covid-19; b) Verificar a ocorrência de alterações comportamentais em
cães adultos/maduros com mais de sete anos de idade, por meio de observações de
seus tutores durante o isolamento social no Brasil e em outros países ao longo da
pandemia de Covid-19; c) Relatar alterações comportamentais em um cão idoso, por
meio de um questionário observacional de identificação de sinais clínicos e de testes
de reatividade, assim como evidenciar a melhora clínica do paciente após o
tratamento. Para atingir os objetivos, foram desenvolvidos três estudos. No primeiro
estudo, disponibilizou-se um questionário para tutores de cães de qualquer idade, de
diversos países. O questionário continha questões abertas e fechadas, com resenha
sobre o tutor (sem identifica-lo) e o cão, depois questões sobre o comportamento do
animal antes e durante o período de isolamento social. No segundo estudo, utilizouse o mesmo questionário, porém foi avaliado somente as respostas dos tutores com
cães a partir de sete anos de idade. Além das questões relacionadas ao
comportamento antes e durante a pandemia, foi identificado o comportamento
referente a alterações relacionadas a degeneração de cães idosos. Já no terceiro
estudo, foi atendido no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel, um canino, macho,
SRD, de 12 anos de idade, apresentando alterações comportamentais. A partir dos
questionários, observou-se que, a maioria dos tutores eram brasileiros, do gênero
feminino, na faixa etária dos 20 aos 35 anos e estavam em isolamento social
juntamente com seus cães. Os cães de maneira geral não apresentaram alterações
comportamentais como agressividade e estresse, porém, apresentaram maior
carência e dependência de seus tutores. Já os cães adultos/maduros, apresentaram
sinais comportamentais associados ao declínio cognitivo, que é uma alteração
peculiar da idade e não tem relação com o isolamento na pandemia. E sim com a
proximidade e a percepção por parte dos tutores. No caso relatado de alterações degenerativas compatíveis com a idade, o paciente apresentou sinais
comportamentais, como desorientação, dificuldade de interagir com os tutores e com
o outro cão que residia no mesmo ambiente. Foram excluídas outras enfermidades e
realizou-se o questionário observacional e testes de reatividade. O paciente
apresentou alterações em ambos. Instituiu-se o tratamento com propentofilina e houve
melhora das alterações comportamentais. Assim, conclui-se, os cães de todas as
faixas etárias apresentaram maior carência e dependência de seus tutores no período
de isolamento social. E os cães adultos maduros, apresentaram comportamento
relacionado ao avanço da idade. Sendo melhor observado pelos tutores, devido a
maior convivência. Já os sinais compatíveis com disfunção cognitiva, foram
identificadas pelo questionário observacional e os testes de reatividade. Tendo uma
melhora significativa com o tratamento instituído.