Obesidade em equinos da raça Crioula
Abstract
Com a crescente valorização da raça Crioula e as diferentes modalidades esportivas
de alta exigência as quais a mesma participa, houve também um aumento das
criações em sistemas intensivos, os quais disponibilizam maior aporte energético de
nutrição, aumentando o índice de animais que apresentam sobrepeso e obesidade.
Dessa forma, a presente tese tem como objetivo abordar o tema da obesidade na raça
Crioula em dois períodos importantes da criação. O primeiro artigo aborda a avaliação
imune humoral de éguas com sobrepeso gestantes em resposta a uma vacina
comercial. Trinta éguas Crioulas gestantes foram separadas de acordo com escore
de condição corporal (ECC) em éguas com sobrepeso (ECC≥7/9) e éguas controles
(ECC = 5-6/9), ainda em cada grupo, os animais também foram separados em
vacinadas e controles. As éguas foram vacinas contra o EHV-1 em duas doses com
intervalo de 21 dias e coletadas mensalmente por cinco meses para avaliação de
anticorpos. Ambos os grupos vacinados tiveram aumento de anticorpos séricos
neutralizantes após a vacina, porém, após a segunda dose não foi observado aumento
de anticorpos em nenhum dos grupos. Não foi observado diferença entre os grupos
de animais vacinados com ECC≥7 e ECC 5-6 em nenhum momento, sendo
constatado que o escore corporal em si não altera a resposta humoral durante o terço
final de gestação. Assim, esse trabalho demonstrou que a obesidade não foi um fator
que influenciou na resposta imune humoral de éguas gestantes. O artigo 2 teve como
objetivo avaliar a condição corporal e perfil metabólico dos participantes finalistas da
prova do Freio de ouro, separados por sexo. Esse estudo avaliou 84 animais, 43
fêmeas não-gestantes e 41 garanhões da raça Crioula, os quais foram realizadas as
medidas morfométricas de ECC, escore de crista (CNS), avaliação de tamanho de
gordura na crista e tamanho de gordura da base da cola, sendo que a partir dessas
medidas foi realizada determinação de porcentagem de gordura corporal (%GC),
índice de massa corporal (IMC), massa gorda (MG), massa gorda livre (MGL), relação
circunferência torácica e altura (CT:AC) e relação circunferência de pescoço e altura
(CP:AC). Desses 84 animais, 53 foram coletadas amostra de sangue para avaliação
de triglicerídeos, colesterol, lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta
densidade (HDL), lactato desidrogenase (LDH), cretina quinase (CK) e adiponectina.
Com relação aos escores, 21% dos participantes foram classificados com sobrepeso
(ECC 7/9), e 49% com CNS≥3. Foi encontrada maior deposição de gordura na base
da cauda e no pescoço nas fêmeas. As fêmeas também apresentaram maior %GC,
MG e relação CT:AC e menor CP:AC quando comparadas aos machos. Das variáveis
metabólicas, as fêmeas apresentaram maiores concentrações de LDH, LDL, CK, e
menor concentração de adiponectina que os machos. Não foi observado diferença
nas medidas morfométricas dos participantes que passaram para o último dia de competição dos que foram desclassificados. A partir desse estudo foi possível
observar que apesar da prova do Freio de Ouro ser de alta exigência física e de
preparo dos participantes, uma porcentagem dos participantes encontravam-se com
sobrepeso e com aumento de deposição de gordura regional no pescoço, o que pode
predispor ao desenvolvimento de alterações metabólicas. No entanto, não foi
encontrada nenhuma alteração metabólica relacionada ao aumento de adiposidade.
Além disso, as fêmeas acumulam mais gordura do que os machos.