Suplementação de butirato para prevenção de diarreia e no desenvolvimento gastrointestinal e corporal de bezerros leiteiros
Abstract
As primeiras semanas após o nascimento são marcadas por diversas adaptações no
organismo dos ruminantes, uma delas, se não a principal é o desenvolvimento do trato
gastrointestinal, que é fundamental, para o rápido crescimento corpóreo assim como
para a desenvolvimento da resistência contra enfermidades, principalmente as
gastrointestinais. O presente estudo teve como objetivo avaliar a capacidade do
butirato de sódio em estimular o desenvolvimento do trato gastrointestinal e prevenir
diarreias em bezerras leiteiras. Para isso, 124 animais da raça Holandesa, foram
distribuídos em dois grupos: GB - Butirato - que recebeu 4g de uma produto contendo
90% de butirato de sódio no leite integral do 1º ao 90º dia de vida, além de concentrado
ad libitum (50 fêmeas e 12 machos, n=62), e GC - Controle - alimentados com a
mesma dieta, mas com leite integral não-suplementado (50 fêmeas e 12 machos,
n=62). A consistência das fezes foi avaliada diariamente nos primeiros 30 dias e os
animais foram monitorados quanto à ocorrência de diarreia, sendo determinada a sua
morbidade, recorrência, mortalidade e letalidade. O desempenho zootécnico dos
animais foi monitorado durante os primeiros 60 dias de vida (D1, D8, D15, D22, D29,
D45, D60), e aos 90 dias (desmame). Avaliações histológicas e de expressão gênica
do trato gastrointestinal foram realizadas a partir de amostras coletadas de machos
eutanasiados aos 15 e aos 30 dias de vida. Os resultados demonstraram que a
suplementação de butirato no leite reduziu a morbidade (GB = 30% vs. GC = 50%) e
a recorrência (GB = 26,67% vs. GC = 60%) da diarreia neonatal, além do número de
dias com fezes anormais, em relação ao grupo não-suplementado (GB = 4,64 ± 0,47
dias vs. GC = 8,6 ± 0,65 dias). A suplementação também influenciou o ganho médio
diário de peso (GMD), que tendeu a ser maior aos 30 dias (GB =0,441 ± 0,018 vs. GC
= 0,394 ± 0,018) e aos 60 dias de vida (GB =.0,555 ± 0,016 vs. GC = 0,516 ± 0,016).
Além disso, a morfometria do TGI aos 30 dias revelou maior comprimento (GB =
560,92 ± 10,28 µm vs. GC = 388,67 ± 10,28 µm) e maior área superficial (GB = 0,276
± 0,008 mm2 vs. GC = 0,184 ± 0,008 mm2
) de papilas ruminais nos animais
suplementados. Na porção duodenal do intestino, o comprimento das vilosidades (GB
= 488,14 ± 4,76 vs. GC = 446,87 ± 4,76 µm) e a profundidade das criptas (GB = 254,96
± 2,75 µm vs. GC = 231,32 ± 2,75 µm) foram maiores no GB. Ao comparar os
resultados da análise de expressão duodenal dos genes LCT e GLP2 de animais com
30 dias de vida que tiveram um episódio de diarreia (GB e GC - com diarreia) com os
de animais que não tiveram episódios (GB e GC - sem diarreia), foi possível observar
que os níveis transcritos no GB com diarreia, foi semelhante aos encontrados nos
grupos GB e GC sem a enfermidade. Em conjunto, esses resultados permitem concluir
que a suplementação contínua com butirato de sódio melhora o desenvolvimento
gastrointestinal, reduz a ocorrência de diarreias e torna os quadros clínicos mais
brandos e a recuperação mais rápida. Todos esses fatores tendem a favorecer um maior GMD nos primeiros 60 dias de vida, sendo uma alternativa interessante para
acelerar o desenvolvimento inicial e melhor a saúde de bezerras leiteiras.