Tratamentos hormonais e seus efeitos em vacas doadoras e receptoras de embriões de raças taurinas e sintéticas
Resumo
A superovulação (SOV) e transferência de embriões (TE) possibilita multiplicar os
descendentes de fêmeas selecionadas. Porém, a variabilidade na resposta individual ainda é
uma limitação. Revisando dados de mais de seis mil coletas de embriões em diferentes raças
taurinas e sintéticas, nas quatro estações do ano, observou-se que a média de embriões
transferíveis é similar às relatadas há décadas, e que no outono aumenta a proporção de
estruturas degeneradas ao passo que, no verão, aumentam as taxas de estruturas não
fecundadas. Assim, ajustes no manejo e tratamentos hormonais poderiam possibilitar
aumentar o número de embriões produzidos. Neste sentido, estudou-se o perfil endócrino,
relacionando as concentrações de progesterona (P4) com a resposta à SOV e a produção de
embriões em um protocolo estro base (EB), sendo avaliado o efeito da suplementação desta
em doadoras de embriões. Vacas com menor concentração de P4 (≤7,7 ng/mL) no início
do tratamento com FSH, apresentaram maior taxa de estruturas não fecundadas (NF;
P<0,05), enquanto vacas com concentração de P4 >7,7 ng/mL obtiveram maior
número de embriões e taxa de embriões/estruturas (P<0,05). Em um segundo estudo,
observou-se que dispositivos vaginais (DIV) contendo 1, 1,9 ou 3,8 g de P4
possibilitaram aumento nas concentrações séricas de P4 (P<0,001) em vacas cíclicas
previamente sincronizadas. Posteriormente, observou-se que a remoção, lavagem e
reinserção de DIV no dia 4 (D4) do tratamento não aumenta as concentrações séricas
de P4. Finalmente, a suplementação de P4 por meio de um DIV contendo 1 g de P4,
não afetou a produção embrionária de doadoras de raças taurinas ou sintéticas,
embora tenha sido observado aumento na proporção de estruturas não fecundadas
nas vacas tratadas com P4. Conclui-se que há uma relação positiva entre as
concentrações de P4 endógena, taxa de fecundação e de produção embrionária em
doadoras submetidas à SOV/EB. Por fim, considerando a importância do preparo de
receptoras nos programas de TE, com um protocolo que sincronize o estro e permita
que o útero esteja adequado ao desenvolvimento embrionário, avaliamos a
associação de cipionato de estradiol (CE) e GnRH na indução da ovulação para
transferência de embriões em tempo fixo (TETF). É bem estabelecido que o CE
aumenta a proporção de vacas manifestando o estro, enquanto o GnRH promove
ovulações mais sincronizadas. Neste experimento não foi observada diferença entre
os tratamentos GnRH e CE+GnRH quanto a concentrações de P4, nem na taxa de
prenhez após TETF. Coletivamente, os resultados obtidos demonstram que há
possibilidade de incremento na produção de embriões in vivo, especialmente por meio
da redução de estruturas não fecundadas e degeneradas. Ainda, as concentrações
de progesterona durante a SOV-EB estão associadas com a produção embrionária, porém, a suplementação de P4 não traz benefícios. Finalmente, a associação de
CE+GnRH não traz benefícios na sincronização de receptoras de embriões bovinos.