A ascenção da direita no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai: reflexões a partir da teoria do discurso de Laclau e Mouffe
Resumo
Considerando o esgotamento do ciclo progressista na América Latina, a presente pesquisa tem por finalidade compreender como se constituiu e hegemonizou o discurso da direita no contexto eleitoral na Argentina (2015), no Brasil (2018), no Chile
(2017) e no Uruguai (2019), a partir da construção teórica de Laclau e Mouffe. A hipótese de pesquisa é a de que o discurso da direita na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai tornou-se hegemônico porque ela articulou em torno do nome de seus candidatos as demandas que o progressismo não conseguiu mais satisfazer após o esgotamento do boom dos commodities. O método de pesquisa é construído a partir das categorias de relações de equivalências, diferenças e antagonismo defendidas por Laclau e Mouffe. Constitui o corpus de análise da pesquisa os planos de governo dos candidatos, vídeos alimentados no canal oficial de cada candidato exclusivamente durante o período eleitoral e os debates oficiais devidamente registrados na justiça
eleitoral de cada país. O material foi analisado e classificado em 16 nós: crítica ao governo, democracia, economia, educação, inclusão social, infraestrutura, justiça, meio ambiente, modelo de estado, política externa, povo, religião, saúde, segurança,
trabalho, valores. A análise dos sentidos discursivos demonstra que os quatro discursos analisados promoveram diversas críticas ao modelo de gestão estatal promovido pelos governos progressistas, acusando-o de excludente, ineficiente e corrupto. Eles articulam sentidos discursivos na defesa de um estado desburocratizado e eficiente, além de defender posições liberais na economia e conservadoras nos costumes. Concluiu-se que os discursos analisados articulam os sentimentos de abandono e cuidado para articularem, em relações de equivalências, as demandas insatisfeitas pelos governos progressistas, construindo um povo de oposição às gestões de esquerda.