Efeitos farmacológicos de extrato de mirtilo (V. virgatum) em modelo animal de síndrome metabólica
Resumo
A síndrome metabólica (SM) é caracterizada por uma combinação de fatores
de risco cardiovascular que incluem hiperglicemia, resistência à insulina,
obesidade visceral, dislipidemia e hipertensão. Estudos sugerem que a elevada
ingestão energética pode ocasionar aumento na produção de espécies reativas
de oxigênio (ERO), que tem sido diretamente relacionado com as complicações
da SM e com o desenvolvimento de doenças neurológicas e distúrbios
neuropsiquiátricos. Estudos epidemiológicos revelam que compostos bioativos
presentes no mirtilo (Vaccinium virgatum) apresentam importantes efeitos
benéficos para alterações presentes na SM. Desta forma, o presente estudo
teve como objetivo availar os efeitos do consumo de extrato de fruto de
Vaccinium virgatum sobre parâmetros metabólicos, comportamentais e de
estresse oxidativo em hipocampo e córtex cerebral de animais submetidos ao
modelo experimental de SM induzido por uma dieta hiperpalatável (DHP). Os
camundongos C57/BL6 foram divididos em 4 grupos experimentais: grupo (1)
recebeu ração padrão e solução salina por gavagem, grupo (2) ração padrão e
extrato hidroacoólico de mirtilo (200 mg/kg) por gavagem, grupo (3) DHP e
solução salina por gavagem, e o grupo (4) DHP e extrato de mirtilo (200 mg/kg)
por gavagem. Os animais foram tratados durante 150 dias. Nossos resultados
mostraram que os animais submetidos à DHP apresentaram resistência à
insulina, aumento significativo do peso corporal, gordura visceral, glicose,
triglicerídeos e colesterol total quando comparados ao grupo controle. No
entanto, o extrato de mirtilo reduziu esses parâmetros metabólicos nos animais
submetidos à DHP. Da mesma forma, o extrato de mirtilo foi capaz de diminuir
os níveis das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em córtex
cerebral e hipocampo dos animais submetidos à DHP. Em contraste, não foram
observadas diferenças significativas no conteúdo tiólico total, e atividade das
enzimas antioxidantes catalase (CAT) e superóxido dismutase (SOD) em
nenhum dos grupos testados. Além disto, os animais alimentados com a DHP
exibiram um aumento significativo no tempo de imobilidade no teste do nado
forçado. Por outro lado, a administração crônica do extrato preveniu esta
alteração comportamental. Em contrapartida, não foram observadas
modificações significativas no comportamento ambulatório, bem como no perfil
ansiolítico destes animais. Em conjunto, nossos resultados sugerem que o
extrato de mirtilo, administrado cronicamente, apresenta ação hipoglicemiante,
anti-dislipidêmica, tipo-antidepressiva e antiperoxidativa em modelo animal de
SM.