Características físicas dos Sistemas Convectivos de Mesoescala que afetaram o Rio Grande do Sul no período de 2004 a 2008
Abstract
A passagem de Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM) sobre uma região
causa impactos em superfície, pois geralmente está associada à precipitação
intensa, fortes rajadas de vento e granizo. Esse fenômeno bastante comum na
região sul do Brasil afeta o Rio Grande do Sul (RS) e causa prejuízos a sua
economia. Portanto o estudo dos SCM que atingem o RS é de grande importância,
pois além de permitir um maior entendimento do tempo e do clima da região também
fornece subsídios aos tomadores de decisão. Assim, o objetivo deste trabalho foi
estudar as características físicas sazonais dos SCM cuja gênese e manutenção
ocorreu ao sul de 20ºS, que apresentaram ciclo de vida de no mínimo 6 h, que
tiveram nascimento espontâneo e dissipação normal e que afetaram a região que
cobre o RS durante o período de 2004 a 2008, utilizando a técnica ForTrACC
(Forecasting and Tracking of Active Cloud Clusters). Foram utilizadas as imagens
brutas do satélite GOES (Geostationary Operational Environmental Satellite) do
canal 4, com resolução espacial no seu ponto subsatelite de 4 km x 4 km e
resolução temporal de ½ hora, do período de 01/01/2004 a 31/12/2008. Essas
imagens foram fornecidas pela Divisão de Satélites Ambientais do Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (DSA/CPTEC/INPE) e serviram como base de dados para a utilização da
técnica ForTrACC. Os resultados para o período de estudo mostraram que: i) os
SCM que afetaram o RS apresentaram maior número de ocorrência no período mais
quente do ano (JFM); ii) nos quatro trimestres do período de estudo a maioria dos
SCM que afetou o RS (64,7%) apresentaram tempo de vida entre 6 e 12h; iii) SCM
com maior tempo de vida cobrem áreas maiores; iv) a temperatura mínima (Tir)
apresentou valores médios menores nos SCM observados em JFM e OND; v) em
todos os períodos do ano em torno de 6,4% dos SCM apresentaram formato mais
linear, aproximadamente 64,0% apresentaram formato irregular e em torno de 29,6%
apresentaram formato mais circular; vi) valores menores de Tir estão relacionados à
SCM com formato mais próximo do formato circular (excentricidade igual ou maior
do que 0,5) e com maior duração; vii) as 3 fases do ciclo de vida dos SCM que
afetaram o RS podem ocorrer de forma distribuída ao longo do dia; viii) em todos os
períodos do ano os nascimentos dos SCM que afetaram o RS ocorrem
predominantemente dentro e em torno da grade que cobre o RS, com tendência a
iniciarem mais no lado oeste da grade sobre o continente; ix) em todos os trimestres
há uma tendência de a trajetória média preferencial ser de oeste para leste.