Práticas dos trabalhadores de saúde na comunidade nos modelos de atenção básica do sul e nordeste do Brasil
Abstract
A Atenção Básica à Saúde (ABS) caracteriza-se por um conjunto de ações no âmbito individual e coletivo, realizadas por equipes multiprofissionais, que visam à
promoção e proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. O objetivo do estudo foi
verificar a prevalência de participação dos trabalhadores da ABS em práticas de saúde na comunidade. Em 2005 foi realizado um estudo transversal com 3.743 trabalhadores de 240 Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos modelos de atenção
Tradicional e PSF, em 41 municípios com mais de 100 mil habitantes das regiões Sul e Nordeste do Brasil. A prevalência de participação dos trabalhadores em
atividades na comunidade foi de 62,7% , sendo 57,7% no Sul e 65,9% no Nordeste. Em relação ao modelo, a prevalência foi de 35,0% nas UBS Tradicionais e de 65,0% no PSF. As variáveis associadas com maior participação em ações na comunidade foram sexo, idade, escolaridade, vinculação a plano de carreira, outro emprego além do atual na UBS, capacitação no manejo de doenças crônicas, utilização de
protocolos, satisfação com reuniões comunitárias e vinculação da UBS com o ensino. Na estratificação de acordo com as regiões e o modelo de atenção,
identificaram-se diferentes associações. Os resultados mostram que na região Nordeste e no PSF houve maior participação em atividades fora da UBS reafirmando
as expectativas do contexto histórico da reorganização da ABS no Sistema Único de Saúde que foi impulsionada tanto pela experiência positiva do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde quanto pela necessidade de ampliar o acesso ao sistema para populações excluídas no Nordeste. Mesmo assim é necessário ampliar a
participação dos trabalhadores junto à comunidade independente do modelo de atenção, considerando que a ABS é o nível de atenção que possibilita a construção
de práticas fundamentadas no contexto de vida das pessoas.