A rede social do homem com câncer na perspectiva bioecológica: contribuições para a enfermagem
Resumen
O homem que experencia o câncer, doença crônica considerada pela sociedade como fatal e estigmatizada, necessita mais efetivamente de sua rede social, que
serve de suporte para vivenciar essa situação de maneira mais segura. Dessa forma, considera-se de extrema relevância conhecer a rede social do homem quando ele adoece, ou seja, quais suas relações e vínculos apoiadores nessa situação. É importante, também, que os profissionais de saúde, especialmente os enfermeiros, ao identificar essa rede procurem reforçar os vínculos que são intensos e saudáveis e propor aos clientes que planejem em conjunto maneiras de melhorar ou modificar os vínculos fragilizados e estressantes. O estudo objetivou conhecer a rede social do homem com câncer em tratamento quimioterápico, na perspectiva
bioecológica. Consiste em um estudo qualitativo que utilizou como referencial teórico o Modelo Bioecológico de Urie Bronfenbrenner e o método de Inserção Ecológica.
Foi desenvolvido com três homens com câncer atendidos no Serviço de Quimioterapia do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas, no período de abril a setembro de 2010, realizando-se, em média, seis encontros com cada um dos
sujeitos. A primeira abordagem aos sujeitos foi realizada neste serviço quando foram convidados a participar do estudo, e posteriormente os encontros foram realizados no domicílio de cada um com agendamento prévio. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semi-estruturada e ecomapa, com registro em diário de campo. Os dados foram submetidos à análise temática. Constatou-se que, para o fortalecimento das relações e desenvolvimento do homem com câncer, são
necessárias características positivas em sua rede social, como: presença, comunicação, compartilhar, confiança, respeito, valorização, acolhimento, interesse, ajuda e proteção. Essas são formas de apoio amadurecidas ao longo do tempo, que influenciam na vida das pessoas de maneira saudável, sendo fundamentais para a sua reestruturação no processo de adoecimento. Faz-se necessário enfatizar que o
enfermeiro pode vir a ser um vínculo apoiador, por ser o profissional de saúde que deveria estar mais próximo ao cliente e, desta forma, poderia ter mais facilidade para
comunicar-se e captar as necessidades da pessoa enferma, e até mesmo tornar-se um elo entre a pessoa/família (microssistema) e os outros sistemas. Além disso, conhecer a rede social destas pessoas é fundamental para intervir de forma positiva em suas relações. Assim, pretende-se com essa pesquisa ampliar o conhecimento dos profissionais de saúde e estimular a produção de mais investigações com esse
enfoque, a fim de aprofundar o conhecimento sobre a rede social do homem com câncer, enfatizando a importância dos vínculos apoiadores nesta condição.