O conceito de emancipação na produção científica da ANPEd: um estudo ancorado na perspectiva marxiana
Resumen
Este trabalho investiga o conceito de emancipação, teorizado por Karl Marx, e sua
utilização em uma parcela da produção científica da área educacional. Seu objetivo
é analisar os trabalhos apresentados nas Reuniões Anuais da Associação Nacional
de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) visando à identificação das
modalidades de emprego do conceito de emancipação. Foram analisados os
trabalhos apresentados no período de 2001 a 2007 em dois Grupos de Trabalho
(GTs): Filosofia da Educação e Educação Popular. Inicialmente, é exposta a
possível origem e raízes filosóficas do conceito em questão, bem como a sua
construção nas obras de Karl Marx. Em seguida, são apresentados aspectos
relacionados à utilização do conceito no corpus analisado. Restou demonstrado que
o conceito marxiano de emancipação sofreu forte influência dos ideais da
modernidade e possui como ponto principal o caráter político e revolucionário, ou
seja, é problematizado como um processo social que intenciona a mudança radical
da estrutura social vigente. Assim, somente será possível a emancipação humana
(emancipação real) dentro de um novo ordenamento social, superando-se a
alienação e sistema do capital. A hipótese central da investigação foi confirmada,
pois constatou-se que, em grande parte do corpus, o conceito estudado foi
empregado de forma indiscriminada, sem a preocupação com o referencial teóricofilosófico
em que está inserido. Além disso, verificou-se que o conceito de
emancipação não é usualmente associado à teoria de Marx nem reconhecido como
um conceito essencialmente marxiano. Pelo contrário, há indícios de que as
abordagens sobre emancipação utilizadas apresentam certo distanciamento da
teorização marxiana. Por fim, a investigação constatou a existência de certo
descomprometimento teórico na utilização de conceitos científicos. Em muitos casos,
não há preocupação acerca da explicação/definição conceitual ou do referencial em
que os conceitos se inserem. Esta postura pode ocasionar a banalização e o
emprego equivocado de conceitos-chave para o entendimento de teorias cientificas
de extrema importância no campo educacional