A princesa Batuqueira: etnografia sobre a interface entre o movimento negro e as religiões de matriz africana na cidade de Pelotas/RS
Resumo
O presente trabalho parte das organizações afro-políticas da cidade de Pelotas até o
mergulhar intensamente no universo das casas de religião de matriz africana
freqüentadas por militantes do movimento negro. No intuito de perceber a interface
entre os campos da participação política com o campo da religião, acompanhou-se o dia
a dia de práticas rituais que servem como base do entendimento de uma filosofia
política da prática desta religiosidade. Parte-se da noção de encruzilhada para
compreender os pontos de intersecção da ação social e política com práticas religiosas,
tantos dos militantes do movimento negro, como dos filhos e filhas de religião,
freqüentadores dos centros afro-religiosos. Mais que conclusões, notam-se pontos e
estratégias de ação política que vão para além das lutas contra a discriminação étnicoracial
ou pelo combate ao racismo. Desse modo, percebe-se uma filosofia política
particular que permeia setores da sociedade, principalmente no que tange à saúde, ao
meio ambiente e à intolerância religiosa