Redes sociais de prevenção da violência: opacidade ou visibilidade nas inter-relações dos atores sociais e moradores de três bairros do município de Rio Grande
Resumen
O Município de Rio Grande, através de seus gestoresdesenvolve desde 2002, um
trabalho em rede de prevenção de violência e atenção à criança e ao adolescente.
Em 2007 o Governo do Estado do Rio Grande do Sul implementa na cidade de Rio
Grande, com o apoio da UNESCO, o Programa de Prevenção da Violência - PPV,
nos bairros Castelo Branco I, Castelo Branco II e Santa Rita, que consistia em criar
redes de prevenção da violência com os atores sociais. Após alguns anos de
desenvolvimento, se fez necessário ver se as ações em rede desenvolvidas pelo
município eram capazes de alterar a percepção e a vivência dos moradores
daqueles bairros de Rio Grande quanto à violência. Através de entrevistas
semiestruturadas e seguindo uma metodologia de análise baseada nas obras dos
autores Adrián Gurza Lavalle e Robert A. Hanneman, observamos que a violência e
o crime, introduziram quebras de arranjos na vida cotidiana dos moradores daqueles
bairros estudados levando ao surgimento de novas formas de sociabilidades.
Observamos também que a rede de prevenção analisadaé insuficiente para mudar
a percepção dos moradores quanto à violência. As instituições que integram essas
redes possuem uma baixa capacidade técnica de atuação e pouca representação
entre os moradores. Também, constatamos através dasentrevistas com os atores
sociais das instituições, que eles preferem ficar fora do debate sobre políticas
públicas. As relações entre as organizações da redede prevenção da violência são
na sua maior parte obrigatórias, isto é, quando existe uma determinação legal ou
protocolar para que trabalhem juntas, como o Conselho Tutelar e o Ministério
Público, por exemplo. Também as relações se apresentam unilaterais, quando
apenas um ator consegue identificar o outro como parceiro e outras são recíprocas,
quando os atores sociais são capazes de se identificar mutuamente